São Paulo, sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

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Livni viaja para selar apoio dos EUA

Chanceler israelense busca acordo bilateral que garanta medidas contra o rearmamento do Hamas

Israel quer pacto assinado antes da posse de Obama; sob pressão, Hamas oferece por intermédio do Egito um ano de trégua renovável

DA REDAÇÃO

O governo israelense anunciou ontem à noite o envio a Washington da chanceler Tzipi Livni para negociar com os EUA, maior aliado e principal fornecedor de armas a Israel, os termos de um cessar-fogo na faixa de Gaza.
Segundo autoridades israelenses, Livni quer obter um acordo bilateral com a Casa Branca contemplando garantias de que qualquer plano de paz deve ter como principal objetivo evitar que o Hamas se abasteça em armas através da fronteira entre Gaza e o Egito.
Na prática, o governo israelense quer que os EUA, como membro permanente do Conselho de Segurança da ONU, só endossem um plano de paz que estipule o controle rigoroso dos 14km da fronteira Gaza-Egito e a destruição dos túneis usados pelo Hamas para infiltrar armas no território palestino.
Segundo o jornal "Haaretz", entre as demandas israelenses estão ainda uma declaração americana exortando a comunidade internacional a reprimir o tráfico de armas do Irã à faixa de Gaza e ações para combater o contrabando por mar, possivelmente com participação da Otan, a aliança militar ocidental.
O apelo a Washington evidencia o ceticismo de Israel em relação ao acordo que o Egito tenta negociar. A proposta egípcia, a única formalmente em discussão, pede o envio de monitores à fronteira Gaza-Egito, mas não esclarece quem controlaria o setor.
O Cairo rejeita a ideia de ter tropas estrangeiras em seu solo e sugere que o controle das passagens do lado de Gaza fique com a Autoridade Nacional Palestina, dominada pelo grupo palestino Fatah, rival do Hamas. O Hamas ontem disse que não abre mão de controlar a passagem de Rafah, na fronteira entre Gaza e o Egito.
Em inédita proposta detalhada ontem, o grupo islâmico ofereceu uma trégua renovável de um ano se Israel retirar seus soldados de Gaza em sete dias e levantar o bloqueio econômico imposto há um ano e meio ao território palestino.
Em troca do fim dos disparos de foguetes Qassam, o Hamas pede garantias internacionais de que Israel manterá as fronteiras abertas e se diz favorável ao envio de uma missão para monitorar a área, desde que os observadores -desarmados- sejam turcos.
O grupo islâmico também quer uma conferência internacional e ajuda internacional para a reconstrução de Gaza.
Especula-se que o Hamas dificilmente conseguirá impor suas exigências, por estar muito enfraquecido e sob pressão.
A viagem às pressas de Livni aos EUA também sinaliza o desejo israelense de buscar um acordo aproveitando os últimos dias de presidência de George W. Bush, que entrega o cargo no dia 20.
Bush é tido como o mais incondicional aliado de Israel entre os presidente americanos e especula-se que o governo israelense pode não ter o mesmo apoio por parte de seu sucessor, o democrata Barack Obama.

Com agências internacionais




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