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HAITI EM RUÍNAS
EUA enviarão 10 mil soldados para ajuda
Número supera os 7.000 militares das forças da ONU; "claramente estamos em posição de fazer mais do que os outros", diz Gates
Secretário, porém, rebate ideia de que contingente possa passar a ideia de que país esteja virando uma força de ocupação do Haiti
SÉRGIO DÁVILA
DE WASHINGTON
O presidente Barack Obama
autorizou ontem uma escalada
militar no Haiti que, até segunda-feira, deixará aquele país
com entre 9.000 e 10 mil soldados americanos. Isso pode dar a
Washington o controle de fato
das operações de resgate, auxílio e de segurança, apesar de o
controle de direito ser das forças de paz da ONU, hoje com
cerca de 7.000 soldados e comandadas militarmente pelo
Brasil.
Segundo informou ontem o
Pentágono, já estão na ilha mil
soldados, vários navios da
Guarda Costeira com helicópteros, o porta-aviões Carl Vinson, com 19 helicópteros, 51 leitos hospitalares, três centros
cirúrgicos e capacidade de tornar potáveis centenas de milhares de litros de água por dia.
Há uma companhia já em solo
lidando com segurança e distribuição e, até segunda, chegam
mais dois navios com helicópteros, uma força anfíbia com
2.200 fuzileiros e um navio-hospital.
O aumento da presença dos
EUA tem causado atritos com
os comandos militares e a diplomacia de outros países,
principalmente o Brasil, e o governo Obama redobrou os esforços ontem para não alienar
seus aliados num esforço que é,
antes de tudo, com fins humanitários. De Obama ao secretário da Defesa, Robert Gates,
passando por altos funcionários de diversos departamentos
do governo, todos ressaltavam
o comando da Minustah, liderada pelo Brasil, e o papel dos
brasileiros.
Ontem, ao relatar a conversa
que teve com o presidente do
Haiti, René Préval, o americano
voltou a citar o Brasil, depois de
elogio feito no dia anterior. "No
aeroporto, a ajuda continua a
chegar, não só dos EUA, mas do
Brasil, México, Canadá, França,
Colômbia e a República Dominicana, entre outros", disse.
"Isso sublinha o ponto que discuti com o presidente na manhã de hoje [ontem]: o mundo
todo está ao lado do governo e
do povo do Haiti."
Gates foi mais realista: "Nós
claramente estamos em posição de fazer mais do que os outros, parte por nossa proximidade, parte por nossa capacidade, e o ponto-chave aqui será
coordenar esse esforço", disse,
em coletiva no Pentágono.
Mais adiante, usou de diplomacia: "Mas haverá muitas outras
pessoas lá também, os brasileiros têm uma presença significativa e estão fazendo muito
eles próprios, então eu acho
que o que importa aqui é conseguir ajuda para beneficiar o
maior número de pessoas".
Indagado sobre se com tamanho contingente os EUA não
seriam vistos como uma força
de ocupação no país, o secretário da Defesa negou que haja
essa percepção e disse que a
reação dos haitianos será de alívio. "Não acho que seremos vistos assim, principalmente pelo
papel que teremos em distribuir alimentos e água e ajuda
médica às pessoas", disse.
Embora o Pentágono diga
que, se necessário, os militares
podem realizar missões de segurança, o Departamento de
Estado reforçou o papel do Brasil nessas ações. Indagado sobre quem zelava pela ordem
nas ruas, o porta-voz P.J. Crowley disse que era a força de
paz da ONU. "O general brasileiro à frente da Minustah [Floriano Peixoto Vieira Neto] está
de volta ao país, e há discussões
nesse momento sobre como os
militares americanos podem
ajudá-lo", disse Crowley.
Obama despachou para o
país também a secretária de Estado, Hillary Clinton, que chega a Porto Príncipe hoje, e Dennis McDonough, vice-assessor
de Segurança Nacional do presidente, que coordenará as várias agências envolvidas nos esforços de recuperação do país.
A presença dele reforça a preocupação da Casa Branca de que
a crise ultrapasse os limites territoriais do Haiti.
Ontem ainda, Obama confirmou que se encontrará amanhã
com dois de seus antecessores,
o republicano George W. Bush
(2001-2009) e o democrata Bill
Clinton (1993-2001), na Casa
Branca. A dupla liderará o aspecto de arrecadação de dinheiro e ações a longo prazo da
comissão de auxílio ao Haiti.
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