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São Paulo, domingo, 16 de fevereiro de 2003

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IRAQUE NA MIRA

Em 60 países, ao menos 5 milhões vão às ruas protestar contra uma ação militar no Iraque; maiores mobilizações ocorrem na Europa

Maior protesto da história pede paz

Reuters
Manifestantes se reúnem em Londres no início da marcha que, segundo os organizadores, levaria 1 milhão de pessoas às ruas


DA REDAÇÃO

Milhões de manifestantes foram às ruas ontem em cerca de 60 países -mais de 600 cidades- para protestar contra uma ação militar no Iraque e para pedir paz, numa mobilização global inédita contra uma guerra que ainda não começou. O cálculo do número de participantes envolve fontes conflitantes -estimativa mais conservadora coloca o total em ao menos 5 milhões de pessoas.
A mobilização foi maior na Europa. Em Londres, mais de 750 mil pessoas foram às ruas -os organizadores falavam em 2 milhões. Milhares marcharam em outras cidades do Reino Unido.
Na capital alemã, Berlim, duas marchas convergiram para a Coluna da Vitória -ironicamente, um monumento do século 19 em homenagem às campanhas militares prussianas. A polícia berlinense estimou que cerca de 600 mil manifestantes participaram.
Agasalhadas, as pessoas enfrentaram o inverno no hemisfério Norte, com temperaturas de até menos de -30C.
"O uso da internet como ferramenta de mobilização foi fundamental para concatenar os esforços dos organizadores", disse à Folha, por telefone, o cientista político Peter McCormick, da Universidade de Nova York.
Questionado sobre as comparações feitas em relação aos protestos contra a Guerra do Vietnã, McCormick afirmou que as manifestações de agora estão num contexto diferente, "pois não são uma reação, e sim uma ação preventiva". "É uma "doutrina Bush" às avessas, um ataque preventivo à idéia de ataques preventivos."
A partida para as manifestações havia sido dada ainda na sexta-feira: mais de 150 mil pessoas pararam o centro de Melbourne, na Austrália. No Japão, grupos se revezavam num protesto diante da Embaixada dos EUA em Tóquio.
Os prédios de representação diplomática americanos e britânicos também foram os mais visados pelos protestos de Hong Kong (China), de Seul (Coréia do Sul), de Johannesburgo (África do Sul), e de Calcutá (Índia).
A maior manifestação do Brasil ocorreu em São Paulo, com 8.000.
Em Nova York, ao menos 250 mil participaram dos protestos.
Diplomatas da ONU disseram que, numa tentativa de agradar a opinião pública mundial, os EUA e o Reino Unido já estariam rascunhando o texto de uma segunda resolução para o Conselho de Segurança, só que sem a ameaça explícita de guerra.

Com agências internacionais. Colaborou Rodrigo Uchôa


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