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São Paulo, domingo, 16 de fevereiro de 2003

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Washington acelera preparativos militares

RUPERT CORNWELL
DO "THE INDEPENDENT", EM WASHINGTON

O chanceler francês foi aplaudido na ONU, na sexta-feira, quando apresentou argumentos eloquentes em favor de mais inspeções e de mais tempo para lidar com o Iraque. Em Washington, porém, seguiram adiante os preparativos para a guerra -que deve começar muito em breve.
Antes mesmo de Hans Blix fazer seu relatório, o presidente Bush estava reunido com os homens que vão conduzir a campanha militar: seu secretário da Defesa, Donald Rumsfeld, e o general Tommy Franks, chefe do comando central americano e provável governador do Iraque ocupado.
Foi a segunda visita em dois dias do general Franks à Casa Branca. É quase certo que eles estivessem dando os retoques finais nos planos para uma invasão do Iraque.
O general Franks deve embarcar em breve para o Qatar, onde o comando central montou o quartel-general da campanha militar.
Nada do que aconteceu na ONU na sexta, incluindo a linguagem mais nuançada em que Blix apresentou seu relatório, terá reduzido a determinação dos EUA de forçar uma saída para a crise no futuro próximo. Na quinta-feira, discursando para tropas na Flórida, Bush disse que, se a ONU não implementar a resolução 1.441, ela corre o risco de "desaparecer na história, reduzida a uma associação de debates irrelevante".
Na sexta-feira a Casa Branca ridicularizou o pronunciamento mais recente de Saddam -de que está proibindo a importação e manufatura de armas químicas, biológicas e nucleares. "Se quiséssemos fazer de conta que o Iraque é uma democracia capaz de aprovar leis que significam alguma coisa, mesmo assim esse decreto teria chegado com 12 anos de atraso e faltando 26 mil litros de antraz", disse o porta-voz da Casa Branca, Ari Fleischer. "Ele teria chegado com 12 anos de atraso, faltando 38 mil litros de botulismo e com 30 mil ogivas químicas vazias a menos."
Os indicativos de guerra se multiplicam diariamente. Aviões de guerra americanos continuaram com sua campanha de amolecimento das defesas terra-ar e bombardearam um sistema de mísseis móvel perto de Basra. Foi o terceiro ataque desse tipo em seis dias.
De acordo com o Pentágono, o sistema de mísseis representava uma ameaça aos aviões americanos que patrulham a zona de exclusão aérea no sul do Iraque. Na realidade, afirmam analistas militares, o bombardeio está servindo para enfraquecer as defesas iraquianas antes do ataque aéreo que provavelmente vai acompanhar o início dos combates.
O transporte aéreo de soldados para a região do Golfo continua. Até o final da semana, o número de americanos na região estará próximo dos 150 mil homens, visto como o mínimo para proporcionar ao general Franks um amplo leque de opções de ataque.
A maioria dos comandantes e analistas americanos não prevê que os combates durem muito tempo. "Será questão de dias ou semanas, não de meses", disse Rumsfeld na semana passada.


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