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Washington acelera preparativos militares
RUPERT CORNWELL
DO "THE INDEPENDENT", EM WASHINGTON
O chanceler francês foi aplaudido na ONU, na sexta-feira, quando apresentou argumentos eloquentes em favor de mais inspeções e de mais tempo para lidar
com o Iraque. Em Washington,
porém, seguiram adiante os preparativos para a guerra -que deve começar muito em breve.
Antes mesmo de Hans Blix fazer
seu relatório, o presidente Bush
estava reunido com os homens
que vão conduzir a campanha militar: seu secretário da Defesa, Donald Rumsfeld, e o general
Tommy Franks, chefe do comando central americano e provável
governador do Iraque ocupado.
Foi a segunda visita em dois dias
do general Franks à Casa Branca.
É quase certo que eles estivessem
dando os retoques finais nos planos para uma invasão do Iraque.
O general Franks deve embarcar em breve para o Qatar, onde o
comando central montou o quartel-general da campanha militar.
Nada do que aconteceu na ONU
na sexta, incluindo a linguagem
mais nuançada em que Blix apresentou seu relatório, terá reduzido a determinação dos EUA de
forçar uma saída para a crise no
futuro próximo. Na quinta-feira,
discursando para tropas na Flórida, Bush disse que, se a ONU não
implementar a resolução 1.441, ela
corre o risco de "desaparecer na
história, reduzida a uma associação de debates irrelevante".
Na sexta-feira a Casa Branca ridicularizou o pronunciamento
mais recente de Saddam -de que
está proibindo a importação e
manufatura de armas químicas,
biológicas e nucleares. "Se quiséssemos fazer de conta que o Iraque
é uma democracia capaz de aprovar leis que significam alguma
coisa, mesmo assim esse decreto
teria chegado com 12 anos de
atraso e faltando 26 mil litros de
antraz", disse o porta-voz da Casa
Branca, Ari Fleischer. "Ele teria
chegado com 12 anos de atraso,
faltando 38 mil litros de botulismo e com 30 mil ogivas químicas
vazias a menos."
Os indicativos de guerra se multiplicam diariamente. Aviões de
guerra americanos continuaram
com sua campanha de amolecimento das defesas terra-ar e bombardearam um sistema de mísseis
móvel perto de Basra. Foi o terceiro ataque desse tipo em seis dias.
De acordo com o Pentágono, o
sistema de mísseis representava
uma ameaça aos aviões americanos que patrulham a zona de exclusão aérea no sul do Iraque. Na
realidade, afirmam analistas militares, o bombardeio está servindo
para enfraquecer as defesas iraquianas antes do ataque aéreo que
provavelmente vai acompanhar o
início dos combates.
O transporte aéreo de soldados
para a região do Golfo continua.
Até o final da semana, o número
de americanos na região estará
próximo dos 150 mil homens, visto como o mínimo para proporcionar ao general Franks um amplo leque de opções de ataque.
A maioria dos comandantes e
analistas americanos não prevê
que os combates durem muito
tempo. "Será questão de dias ou
semanas, não de meses", disse
Rumsfeld na semana passada.
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