São Paulo, segunda-feira, 16 de fevereiro de 2004

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AMÉRICA DO SUL

Pós-férias poderá confirmar tendência

Pela 1ª vez em dez anos, retorno de argentinos ao país supera emigração

CAROLINA VILA-NOVA
DE BUENOS AIRES

Pela primeira vez nos últimos dez anos, o número de argentinos que deixaram o país para viver no exterior foi superado pela quantidade dos que voltaram para casa.
No último trimestre do ano passado, o registro de chegada no aeroporto internacional de Ezeiza (região metropolitana de Buenos Aires) superou em 25.578 pessoas o movimento de partida, segundo dados do Indec, o instituto de estatísticas do governo argentino.
No acumulado do ano, porém, o saldo permaneceu negativo: a saída de argentinos superou em 20.586 o registro de entrada. Mas essa diferença já é bastante inferior à registrada nos anos anteriores: 74.810 em 2000, 64.874 em 2001 e 87.212 em 2002.
"A Argentina, país imigratório por definição, expulsou uma média de 6.000 pessoas por ano entre 1995 e 2000, e, desde então, depois do estalido econômico, partiram mais de 250 mil. Foi o maior exílio maciço da nossa história", disse Lelio Mármora, diretor do Indec, ao diário "Clarín".
"Apesar de, no final do ano, sempre voltar mais gente que em outros meses, a quantidade de pessoas que regressaram desde outubro é muito alta", afirmou.
No último trimestre de 2002, por exemplo, o saldo de entrada e de saída de argentinos ficou negativo em 5.293 pessoas, contra a média de 30.835 registrada nos trimestres anteriores.
Há várias razões para o retorno, segundo Mármora: desde a a impossibilidade de conseguir trabalho no exterior até a perspectiva de melhora na economia argentina, passando pelas saudades.
"Não foi tão fácil quanto parecia", disse ao "Clarín" Virginia Weschler, 42, que levou mais de um ano para conseguir um visto de trabalho nos EUA, para onde emigrou em dezembro de 2001, acompanhando marido e filhos.
Mas o Indec é cauteloso e ainda não vê claramente uma reversão da tendência de emigração predominante na última década. "Ainda não é uma tendência, mas trata-se de uma nova conduta social", disse Mármora.
Os números são parciais, pois envolvem apenas os registros de Ezeiza. Além disso, só os dados do primeiro trimestre deste ano, com o fim do período de férias, poderão comprovar se uma parcela significativa dos que regressaram realmente ficaram no país.



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