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AMÉRICA DO SUL
Pós-férias poderá confirmar tendência
Pela 1ª vez em dez anos, retorno de argentinos ao país supera emigração
CAROLINA VILA-NOVA
DE BUENOS AIRES
Pela primeira vez nos últimos
dez anos, o número de argentinos
que deixaram o país para viver no
exterior foi superado pela quantidade dos que voltaram para casa.
No último trimestre do ano passado, o registro de chegada no aeroporto internacional de Ezeiza
(região metropolitana de Buenos
Aires) superou em 25.578 pessoas
o movimento de partida, segundo
dados do Indec, o instituto de estatísticas do governo argentino.
No acumulado do ano, porém,
o saldo permaneceu negativo: a
saída de argentinos superou em
20.586 o registro de entrada. Mas
essa diferença já é bastante inferior à registrada nos anos anteriores: 74.810 em 2000, 64.874 em
2001 e 87.212 em 2002.
"A Argentina, país imigratório
por definição, expulsou uma média de 6.000 pessoas por ano entre
1995 e 2000, e, desde então, depois
do estalido econômico, partiram
mais de 250 mil. Foi o maior exílio
maciço da nossa história", disse
Lelio Mármora, diretor do Indec,
ao diário "Clarín".
"Apesar de, no final do ano,
sempre voltar mais gente que em
outros meses, a quantidade de
pessoas que regressaram desde
outubro é muito alta", afirmou.
No último trimestre de 2002,
por exemplo, o saldo de entrada e
de saída de argentinos ficou negativo em 5.293 pessoas, contra a
média de 30.835 registrada nos
trimestres anteriores.
Há várias razões para o retorno,
segundo Mármora: desde a a impossibilidade de conseguir trabalho no exterior até a perspectiva
de melhora na economia argentina, passando pelas saudades.
"Não foi tão fácil quanto parecia", disse ao "Clarín" Virginia
Weschler, 42, que levou mais de
um ano para conseguir um visto
de trabalho nos EUA, para onde
emigrou em dezembro de 2001,
acompanhando marido e filhos.
Mas o Indec é cauteloso e ainda
não vê claramente uma reversão
da tendência de emigração predominante na última década. "Ainda não é uma tendência, mas trata-se de uma nova conduta social", disse Mármora.
Os números são parciais, pois
envolvem apenas os registros de
Ezeiza. Além disso, só os dados do
primeiro trimestre deste ano, com
o fim do período de férias, poderão comprovar se uma parcela
significativa dos que regressaram
realmente ficaram no país.
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