São Paulo, segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

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Visita de Hillary põe China como prioridade de Obama

Viagem é a primeira de chanceler, ante relação cada vez mais interdependente com Pequim

Tour pela Ásia inclui paradas no Japão e na Coreia; pauta de debate foca ambiente, direitos humanos e energia, além de parceria econômica


ANDREA MURTA
DE NOVA YORK

A China é a última parada da viagem de estreia de Hillary Clinton como secretária de Estado dos EUA, que começa hoje no Japão e passa por Coreia do Sul e Indonésia. Mas em importância estratégica, o gigante asiático é o primeiro, e a visita marca o que vem sido descrito como alargamento do foco de Washington em Pequim.
A secretária de Estado estará na capital chinesa entre os próximos dias 20 e 22. A intenção aparente do governo de Barack Obama é fortalecer o debate sobre energia, ambiente e direitos humanos. Na última década, o foco esteve na economia.
O simples fato de a Ásia ter sido escolhida como primeiro destino de Hillary tem peso. Após telefonema ao presidente chinês, Hu Jintao, Obama afirmou que a China protagoniza a mais importante relação bilateral com o país. "Alguns creem que uma China em ascensão é, por definição, um adversário, disse ela em discurso na Sociedade da Ásia em Nova York na última sexta. "Ao contrário, nós cremos que os EUA e a China podem se beneficiar e contribuir com o sucesso mútuo."
A chanceler disse ser "do interesse" dos EUA fortalecer a colaboração e anunciou que os dois países irão retomar logo discussões de nível intermediário entre suas Forças Armadas.
"A questão é que os EUA sabem que não podem avançar em áreas de preocupação transnacional sem haver cooperação com a China", afirmou à Folha David Lampton, diretor do programa de estudos chineses da Universidade Johns Hopkins (EUA).
Mas a iniciativa é carregada de tensão. Obama e Hillary afirmaram durante suas campanhas à Presidência que pretendiam endurecer com a China em direitos humanos. No site da Casa Branca, o governo cita como um de seus objetivos "garantir que a China siga as regras internacionais".
O governo do país é criticado nos EUA não só pelo histórico de violação dos direitos humanos mas também por ser hoje o maior poluidor do planeta e um dos principais consumidores de recursos energéticos -áreas em que os norte-americanos também têm problemas.
Entretanto há entre especialistas temor de que, com a recessão, esta seja a hora errada para discutir pontos de atrito.
Os EUA não querem se arriscar a irritar os chineses ante laços econômicos cada vez mais interdependentes. A China é um dos principais credores do Tesouro americano. É também o país de quem os EUA mais importam (16,9%) e o terceiro maior destino de exportações americanas (5,6%). Os EUA são o principal destino das exportações chinesas (19%).
Na última década, o déficit comercial dos EUA para a China aumentou mais de cinco vezes, chegando a US$ 266,3 bilhões no ano passado.
Um aspecto problemático para Washington é o câmbio. O governo Obama, na voz do secretário do Tesouro Timothy Geithner, recentemente acusou Pequim de "manipular" sua moeda (o que manteria exportações chinesas baratas).
Autoridades chinesas foram rápidas em responder que o comentário "não se apoia em fatos" -Pequim deixou o yuan se valorizar 21% nos dois últimos anos e está agora preocupado com as provisões protecionistas "Buy American" (para privilegiar a compra de produtos nacionais) do pacote de estímulo econômico de Obama.


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