São Paulo, terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

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Regime está virando ditadura, diz Hillary

DA REDAÇÃO

A secretária de Estado americana, Hillary Clinton, acusou ontem a Guarda Revolucionária do Irã de ocupar o espaço do governo iraniano e levar o país rumo a uma "ditadura militar".
Em viagem à Arábia Saudita, durante uma ofensiva diplomática americana para costurar novas sanções contra o programa nuclear iraniano, Hillary disse que, na visão dos EUA, "o governo do Irã, o líder supremo, o presidente e o Parlamento estão sendo suplantados". É a primeira vez que um membro de alto escalão do governo Obama faz tal acusação.
A Guarda Revolucionária é uma facção de elite de 150 mil homens que ampara o regime nas esferas militar, ideológica e econômica e cuida do programa nuclear iraniano. Criada após a Revolução Islâmica (1979), a guarda cresceu nos últimos anos e responde ao líder supremo, aiatolá Ali Khamenei.
A chanceler americana e outros três altos diplomatas dos EUA estão em giro pelo Oriente Médio para obter apoio para novas sanções contra Teerã e aumentar a pressão sobre a República Islâmica, após esta elevar sua capacidade de enriquecimento de urânio e declarar-se um "Estado nuclear". O Ocidente teme que o programa vise a bomba, o que Teerã nega.
Hillary, no entanto, negou que os EUA tenham planos de atacar o Irã, e sim que querem "unir a comunidade internacional para pressioná-lo".
Israel, que se sente diretamente ameaçado pelo programa nuclear iraniano, também faz lobby por punições. Em visita a Moscou, ontem, o premiê Binyamin Netanyahu pediu ao presidente russo, Dmitri Medvedev, por "sanções duras que afetem a exportação de combustível" do Irã -quinto maior exportador mundial de petróleo-, disse Netanyahu.
"[Teerã] só poderá morder se tiver dentes. Sanções diluídas não funcionarão", agregou.
Israel também pede a Moscou a suspensão da venda de um sistema de mísseis a Teerã, que poderá ser usado para proteção contra ataques às instalações nucleares do país.
O Kremlin não comentou, apesar de Netanyahu ter dito que "a Rússia entende a importância de evitar que o Irã adquira armas nucleares". O poder de veto de Moscou e Pequim no Conselho de Segurança da ONU é o principal entrave para a aprovação de sanções mais duras. A Rússia deu indicativos de que pode apoiar sanções, mas convencer Pequim a fazer o mesmo é tarefa mais difícil para as potências ocidentais.

Nova proposta
O chefe do programa atômico do Irã, Ali Akbar Salehi, disse ontem que o país estuda nova proposta do Ocidente para enriquecer urânio fora do país, segundo a imprensa iraniana. França, EUA e Rússia negaram ter feito tal oferta. Em outubro, a Agência Internacional de Energia Atômica propôs que o Irã enviasse seu urânio para enriquecimento no exterior em grau suficiente para fins medicinais, mas não houve acordo.

Com agências internacionais



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