São Paulo, quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

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Diplomata não é unanimidade no seu país

DO ENVIADO AO CAIRO

Embora seja motivo de orgulho para a maioria dos egípcios pela projeção internacional adquirida nos 12 anos à frente da AIEA (agência de energia atômica da ONU), Mohamed ElBaradei está longe de ser unanimidade no país.
O motivo principal é o fato de este diplomata nascido no Cairo ter passado mais de metade de seus 68 anos no exterior.
Ao encerrar seu terceiro mandato como diretor-geral da AIEA, no fim de 2009, ElBaradei ensaiou um retorno triunfal ao Egito e imediatamente foi apontado como possível candidato à sucessão do ditador Hosni Mubarak.
Mas os tempos eram outros, e o ímpeto de ElBaradei em transformar o país numa democracia logo foi abafado pela máquina de propaganda e intimidação do regime egípcio.
"Havia uma cultura de medo", relembra ElBaradei, que mesmo com os obstáculos da ditadura e a descrença da maioria dos compatriotas insistiu em seguir em frente.
Tendo a banida Irmandade Muçulmana como aliada, o que lhe rendeu críticas no Ocidente e aumentou a pressão do governo, criou a Associação Nacional para a Mudança.
A reputação internacional lhe valeu o Nobel da Paz de 2005, após peitar os EUA de George W. Bush dois anos antes, quando afirmou que o Iraque não tinha armas de destruição de massa. Mas, isso pouco adiantou para promover a mudança no Egito.
Hoje, no entanto, muitos afirmam que a semente da revolução foi plantada por ElBaradei, que virou um dos pais do movimento. Numa revolução sem liderança, é sempre lembrado como potencial candidato à Presidência.
Com o fim da ditadura, ele tem chances de chegar ao cargo mesmo sem ser nome de consenso.
(MN)


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