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Vitória de socialista
deve prejudicar Bush
DE WASHINGTON
A vitória do socialista José Luis
Rodríguez Zapatero na Espanha
deve minar o atual processo de
aproximação entre EUA e Europa
e causar impacto negativo na
campanha à reeleição do presidente George W. Bush, segundo
analistas ouvidos pela Folha.
Com Zapatero no poder, Bush
perdeu o seu segundo principal
aliado na Europa e encara o fato
de que sua influência pode ser
eleitoralmente negativa.
Internamente, Bush terá de enfrentar uma oposição ainda mais
inflamada contra a guerra e a perda de soldados no Iraque.
Os atentados em Madri, no entanto, devem reforçar o discurso
da Casa Branca sobre a necessidade de combate ao terror e despertar o engajamento europeu.
"Ficou difícil para qualquer líder democrático aliar-se aos EUA
na base do "ou fica do meu lado ou
vai para o purgatório", diz Rick
Barton, do Centro Internacional
para Estudos Estratégicos.
"O atentado em Madri e a derrota de [José María] Aznar na Espanha são um forte revés para
Bush justamente por ele vir tentando, neste momento, aumentar
a participação internacional no
Iraque", afirma David Phillips, do
Council of Foreign Relations.
Há um ano Bush deu um ultimato à ONU para invadir o Iraque ao lado de seu dois principais
aliados: Aznar e o premiê britânico, Tony Blair. Na sexta, Bush disse à TV espanhola que o país tinha
"sorte" de ter Aznar no poder.
Mesmo depois de Zapatero ter
qualificado como "desastre" a
guerra e dito que a ação foi justificada "com mentiras", a Casa
Branca declarou ontem "esperar
um trabalho de cooperação [com
o novo governo], especialmente
na guerra contra o terror".
Na mídia, toda a reação dos
principais jornais dos EUA também foi no sentido de enfraquecimento da posição de Bush. Mas o
porta-voz do Departamento de
Estado, Adam Ereli, chegou a dizer que "ainda é cedo" para conhecer a posição espanhola no
Iraque e que existe a possibilidade
de uma nova resolução na ONU
que permita a continuidade das
tropas da Espanha no Iraque.
A ameaça de Zapatero de se retirar do Iraque deve comprometer
também a aproximação que Bush
vem ensaiando com a França e a
Alemanha.
"França e Alemanha deram um
caloroso "bem-vindo" a Zapatero,
que sempre condenou o fato de a
aproximação entre Aznar e Bush
ocorrer em detrimento de uma
relação mais profunda da Espanha com alemães e franceses",
afirma Marco Vicenzino, do Instituto Internacional de Estudos Estratégicos.
(FERNANDO CANZIAN)
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