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VENEZUELA
Conselheiro de Condoleezza Rice questiona linha adotada pelo Pentágono
Analista estranha ataque a Chávez
FABIANO MAISONNAVE
DE WASHINGTON
A recente afirmação de um porta-voz do Departamento da Defesa de que os EUA estão elaborando uma política de "contenção"
do presidente venezuelano, Hugo
Chávez, diverge da linha seguida
até agora pelo Departamento de
Estado, na avaliação de um analista que tem aconselhado o governo
americano sobre o tema.
"Causou-me surpresa ver um
funcionário do governo permitir
ser citado daquela forma, já que o
Departamento de Estado tem sido mais cauteloso", disse à Folha
David Myers, da Universidade Estadual da Pensilvânia, especialista
em Venezuela. "Condoleezza Rice
assumirá essa linha daqui para a
frente? Não sei."
Ao britânico "Financial Times",
Roger Pardo-Maurer, secretário-assistente para Assuntos do Hemisfério Ocidental do Departamento da Defesa, disse que "Chávez é um problema porque está
claramente usando sua influência
e o dinheiro do petróleo para introduzir seu estilo conflituoso na
política de outros países".
Myers acredita que a declaração
tenha sido uma reação ao apoio
dado por Chávez ao programa
nuclear iraniano, durante visita
do presidente Mohammad Khatami à Venezuela.
Ontem, outro alto funcionário
do Pentágono criticou Chávez. O
general Bantz Craddock, chefe
militar do Comando Sul, disse no
Senado que a decisão de Chávez
de comprar armas e 40 helicópteros militares da Rússia "é perturbadora, estamos observando de
perto". Acusou a Venezuela de estimular "corrida armamentista".
O porta-voz da Casa Branca,
Scott McLellan foi mais cauteloso,
evitando falar sobre medidas unilaterais: "Continuaremos trabalhando com outros países da região por meio da OEA".
"Não há muitas opções diplomáticas para os EUA depois que
Chávez ganhou o referendo e, depois, as eleições regionais", avalia
Myers. "Ele está ficando cada vez
mais autoritário, mas é muito popular. Os EUA têm de ser muito
cautelosos neste momento."
Além do apoio ao Irã e da negociação de armas com a Rússia, nas
últimas semanas Chávez acusou
os EUA de terem um plano para
matá-lo, negociou venda de petróleo para China, Índia e França,
visitou Cuba e atacou o presidente
George W. Bush em entrevista à
TV árabe Al Jazira. Também tem
feito comentários grosseiros contra Rice, a quem chama da "condolência": "Alguém me contou que ela sonha comigo".
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