São Paulo, quarta-feira, 16 de março de 2005

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VENEZUELA

Conselheiro de Condoleezza Rice questiona linha adotada pelo Pentágono

Analista estranha ataque a Chávez

FABIANO MAISONNAVE
DE WASHINGTON

A recente afirmação de um porta-voz do Departamento da Defesa de que os EUA estão elaborando uma política de "contenção" do presidente venezuelano, Hugo Chávez, diverge da linha seguida até agora pelo Departamento de Estado, na avaliação de um analista que tem aconselhado o governo americano sobre o tema.
"Causou-me surpresa ver um funcionário do governo permitir ser citado daquela forma, já que o Departamento de Estado tem sido mais cauteloso", disse à Folha David Myers, da Universidade Estadual da Pensilvânia, especialista em Venezuela. "Condoleezza Rice assumirá essa linha daqui para a frente? Não sei."
Ao britânico "Financial Times", Roger Pardo-Maurer, secretário-assistente para Assuntos do Hemisfério Ocidental do Departamento da Defesa, disse que "Chávez é um problema porque está claramente usando sua influência e o dinheiro do petróleo para introduzir seu estilo conflituoso na política de outros países".
Myers acredita que a declaração tenha sido uma reação ao apoio dado por Chávez ao programa nuclear iraniano, durante visita do presidente Mohammad Khatami à Venezuela.
Ontem, outro alto funcionário do Pentágono criticou Chávez. O general Bantz Craddock, chefe militar do Comando Sul, disse no Senado que a decisão de Chávez de comprar armas e 40 helicópteros militares da Rússia "é perturbadora, estamos observando de perto". Acusou a Venezuela de estimular "corrida armamentista".
O porta-voz da Casa Branca, Scott McLellan foi mais cauteloso, evitando falar sobre medidas unilaterais: "Continuaremos trabalhando com outros países da região por meio da OEA".
"Não há muitas opções diplomáticas para os EUA depois que Chávez ganhou o referendo e, depois, as eleições regionais", avalia Myers. "Ele está ficando cada vez mais autoritário, mas é muito popular. Os EUA têm de ser muito cautelosos neste momento."
Além do apoio ao Irã e da negociação de armas com a Rússia, nas últimas semanas Chávez acusou os EUA de terem um plano para matá-lo, negociou venda de petróleo para China, Índia e França, visitou Cuba e atacou o presidente George W. Bush em entrevista à TV árabe Al Jazira. Também tem feito comentários grosseiros contra Rice, a quem chama da "condolência": "Alguém me contou que ela sonha comigo".


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