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RELIGIÃO
Cardeal da Congregação para a Doutrina da Fé lança debates para denunciar "erros vergonhosos e infundados" do best-seller
Igreja faz ofensiva contra "O Código Da Vinci"
DA REDAÇÃO
O Vaticano lançou ontem uma
campanha para desqualificar o livro "O Código Da Vinci", do escritor norte-americano Dan
Brown, com o objetivo de convencer seus fiéis a boicotar a obra.
"Não leiam nem comprem "O
Código Da Vinci'", pediu o cardeal Tarcisio Bertone, arcebispo
de Gênova (Itália) e apontado como um dos possíveis sucessores
do papa João Paulo 2º, em declarações à rádio Vaticano.
O cardeal qualificou o livro, primeiro na lista dos mais vendidos
em todo o mundo -cerca de 20
milhões de exemplares em 44 países-, de "um castelo de mentiras" e disse que está cheio de imprecisões históricas.
"Não se pode escrever um romance que deforma os fatos históricos, maldizendo ou difamando personagens que devem seu
prestígio e sua fama justamente à
história da igreja e da humanidade", disse Bertone.
Bertone, 70, é vice-presidente da
Congregação para a Doutrina da
Fé, que foi criada originalmente
para defender a Igreja Católica de
heresias, em 1542, e até hoje é responsável por "promover e tutelar
a doutrina da fé e da moral em todo o mundo católico".
A congregação é presidida pelo
cardeal alemão Joseph Ratzinger,
um dos mais influentes do Vaticano e também "papável".
A partir de hoje, o cardeal Bertone realiza em Gênova uma série
de conferências públicas, intituladas "Uma história sem História",
sobre os "erros vergonhosos e infundados" do livro.
A iniciativa, que o cardeal afirma ter sido dele e não a mando
superior, é uma indicação do nível de preocupação do Vaticano
com o sucesso do livro, cuja versão para o cinema, com a participação de Tom Hanks, deve estrear no próximo ano.
"[O livro] já começou a circular
nas escolas como um novo modelo, querem lê-lo para entender a
dinâmica da histórica e todas as
manipulações que a igreja cometeu", disse Bertone, para quem
existe uma estratégia mundial para "divulgar no mundo esse castelo de mentiras".
Publicado em 2003, o livro narra as investigações do professor
Robert Langdon, da Universidade
Harvard, para descobrir o enigma
do assassinato do curador do museu do Louvre, em Paris. Aparecem envolvidas no crime sociedades esotéricas anticlericais e a
Opus Dei, movimento católico
laico conservador descrito no livro como uma seita extremista.
Ainda segundo a narrativa de
Brown, ao decifrar códigos e anagramas, o personagem principal
descobre outros segredos, como o
de que Jesus se casou com Maria
Madalena e teve um filho com ela.
"O livro está por toda parte. Há
um risco real de que as pessoas
que o leiam acreditem que as fábulas que contém são verdadeiras. Deixa-me atônito e preocupado que tantas pessoas acreditem
nessas mentiras", disse Bertone
ao diário italiano "Il Giornale".
"Membros da Igreja Católica estão particularmente contrariados
pelo que vêem como uma sugestão blasfema de que Jesus possa
ter feito sexo e com a maneira como a igreja e o Vaticano são caracterizados como tendo conspirado para encobrir a "verdade" sobre o cristianismo", disse o especialista em religião e no "Código
Da Vinci" David Barratt ao jornal
britânico "Guardian".
Mas, para Barratt, a igreja está
exagerando na reação. "É basicamente um "thriller", um típico livro de aeroporto. A Igreja Católica está reagindo exageradamente.
No fim das contas, é só um romance e a polêmica vai morrer."
Com agências internacionais
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