São Paulo, domingo, 16 de março de 2008

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Equipe de estrelas vai defender Eliot Spitzer

Ex-defensor da moral e da ética se envolveu em escândalo de prostituição

Para pesquisador e analista político John Zogby, maior problema é a hipocrisia de Eliot Spitzer; político nem mesmo ria de piadas sujas

DA REDAÇÃO

Após anos vendendo a imagem de irrepreensível defensor da lei, o governador de Nova York, Eliot Spitzer, foi obrigado na última semana a recorrer a alguns dos melhores advogados dos EUA para se defender em um dos maiores escândalos políticos e sexuais a atingir o Estado em anos recentes.
Spitzer anunciou a renúncia após ser divulgado seu envolvimento com a rede de prostituição de luxo Emperors Club VIP, com a qual teria gasto até US$ 80 mil. Agora, o ex-procurador-geral e ex-estrela democrata em ascensão listou três membros da prestigiada firma Paul, Weiss, Rifkind, Wharton & Garrison como defensores caso sofra um processo federal.
A líder da equipe é Michele Hirshman, que foi a principal assistente do governador quando ele era procurador-geral de Nova York. Ela será assessorada por Theodore Wells Jr., co-diretor do departamento de litígios da firma, e Mark Pomerantz, ex-chefe da divisão criminal do escritório do procurador-geral dos EUA no distrito sudeste de Nova York -que tem nas mãos o caso de Spitzer, diz o "New York Times".
A firma é a 13ª no ranking das cem mais prestigiosas do país, segundo a empresa de recrutamento e informações legais Vault. Teoricamente, Spitzer poderá ser denunciado por vários crimes. Ele violou uma lei ao transportar uma prostituta de Nova York para Washington para um encontro; teria dividido pagamentos que excediam US$ 10 mil em partes menores para evitar declarações à Receita; e pode ter usado fundos de campanha para pagar a rede.

Hipocrisia
Mas o fato de o político, casado e com três filhas, ter se encontrado com garotas de programa não é a única causa da comoção que tomou Nova York e deixou mais de 70% de seus moradores, segundo pesquisas, a favor da renúncia.
O problema maior, para o pesquisador e analista político John Zogby, foi a hipocrisia. "Eleitores não gostam de pessoas que dizem uma coisa e fazem o oposto", escreveu ele em artigo recente para o site "Huffington Post". Spitzer era visto como um incansável defensor da "moral e da ética", diz. "Ele não poderia pedir perdão porque nunca, nunca perdoava."
Apelidado de xerife de Wall Street por sua luta contra a corrupção e crimes financeiros, Spitzer também perseguiu duramente redes de prostituição. Em 2004, o então procurador-geral de Nova York ajudou a pressionar por uma lei que elevasse a pena para homens que pagam por sexo. Em 2007, já governador, ele assinou a lei.
Também em 2004, ao prender 16 membros de uma rede de prostituição em Staten Island, Spitzer deu declarações aparentando raiva e repulsa.
Segundo o "International Herald Tribune", grupos antiprostituição locais estão "em estado de choque". O time de estrelas da advocacia pode até livrá-lo da prisão, mas limpar sua imagem será mais difícil.


Com agências internacionais


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