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memória
País é "centro nervoso" da história regional
NEWTON CARLOS
ESPECIAL PARA A FOLHA
El Salvador tem sido o
"centro nervoso" da América
Central desde o século 19. É o
menor dos cinco países, mas
o mais densamente povoado,
com o aproveitamento de toda a área cultivável. O controle da economia por poucas famílias acabou colocando El Salvador sob manta revolucionária. A violência se
agravou nos anos 80, com a
política de Ronald Reagan de
"contenção do comunismo"
e a fusão dessa política com
interesses oligárquicos.
O que El Salvador representou em tramas sangrentas está no documentário "O
Embaixador", de um cineasta norueguês, e nas conclusões da Comissão Verdade
formada a partir do acordo
de paz negociado pela ONU
entre a guerrilheira FMLN e
o governo, em 1992.
"O Embaixador" retrata
John Negroponte, nomeado
em 1981 embaixador em
Honduras com a tarefa de organizar "operações paramilitares" contra o governo sandinista da Nicarágua, o que
envolveu El Salvador. Antes,
Negroponte esteve no Vietnã. Com George W. Bush, foi
diretor nacional de Inteligência. O seu trabalho na
América Central não se limitou a aumentar a ajuda militar a aliados. Foram também
intensificadas as caçadas a
subversivos, sinônimo de
tortura e matanças.
Negroponte transformou
a dupla El Salvador e Honduras em retaguarda dos "contras", mercenários recrutados pela CIA com a missão de
derrubar os sandinistas.
Uma referência foi o batalhão 316, unidade secreta
abençoada pelo Pentágono e
a CIA. Seu criador, o general
hondurenho Discua Elvir
Luis Alonso, foi colega de
turma do major salvadorenho Roberto D'Aubuisson na
Escola das Américas, do Comando Sul dos EUA.
O Pentágono falava em
treinamento em operações
de contrainsurgência e entidades de defesa dos direitos
humanos denunciavam o ensino de tortura. D'Aubuisson, já morto, foi o chefe de
esquadrões da morte em El
Salvador e criador da Aliança
Republicana Nacionalista.
Um fato emblemático dessa época é o massacre de
camponeses em El Mozote,
El Salvador. Em 2005, a OEA
(Organização dos Estados
Americanos) ensaiou ir mais
fundo em investigações que
dariam, era a convicção, na
constatação de que mulheres
e crianças foram assassinadas "por soldados de um batalhão treinado e equipado
pelos EUA".
"New York Times" e "Washington Post" publicaram
informações a respeito. Negroponte desmentiu.
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