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Brasileiro não visita túmulo e sofre boicote
DE JERUSALÉM
Inflando incidente que
poderia ter passado por
uma simples divergência
de protocolo, o ministro
das Relações Exteriores de
Israel, Avigdor Liberman,
decidiu boicotar a visita do
presidente Lula ao país.
Segundo a imprensa israelense, o motivo teria sido a recusa brasileira de
incluir no programa uma
visita ao cemitério militar
de Jerusalém, onde Lula
depositaria flores no túmulo de Theodor Herzl,
pai do sionismo.
O ultranacionalista Liberman quis mostrar ao
Brasil que "Israel leva a sério o desprezo a seus protocolos diplomáticos", segundo o jornal "Haaretz".
Mas houve mais que isso. A Folha apurou que
nos dias que antecederam
a visita, Liberman pediu
insistentemente uma audiência com Lula, que foi
negada. Isso teria motivado o chanceler israelense a
cancelar sua presença no
Parlamento e na conversa
que Lula teve ontem com
o premiê israelense.
Oficialmente, a comitiva brasileira alegou que a
ida ao túmulo de Herzl
não foi aceita por ter sido
incluída somente na última semana, quando a programação da visita de Lula
já estava praticamente definida. Mas ficou claro que
não havia nenhuma vontade política de atender o
pedido de Israel -amanhã, Lula fará uma visita
ao túmulo do líder palestino Iasser Arafat.
Uma resolução da ONU
equiparando sionismo a
racismo, que tinha o apoio
do Brasil, só foi revogada
em 1991. Um diplomata
brasileiro justificou que
"seria um salto grande demais" sair da posição adotada até os anos 90 "para a
exaltação" do sionismo.
O Brasil também se sentiu incomodado porque a
ida ao túmulo não fez parte das visitas recentes de
líderes estrangeiros como
Silvio Berlusconi (Itália).
Uma diplomata israelense explicou que a visita
voltou a fazer parte do
protocolo há poucas semanas, depois que o governo decidiu homenagear o aniversário de 150
anos de Herzl. O primeiro
a seguir o esquema foi o vice-presidente dos EUA,
Joe Biden.
(MARCELO NINIO)
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