São Paulo, quarta-feira, 16 de março de 2011

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Pressionada, Europa fará testes em todas as usinas nucleares

Nos EUA, Obama afirma que as centrais do país são monitoradas de perto e aguentam "certos impactos"

Objetivo é determinar se instalações europeias são seguras; comissário avalia que a palavra apocalipse é apropriada

VAGUINALDO MARINHEIRO
DE LONDRES

O temor causado pelas explosões na usina de Fukushima 1, no Japão, teve novas consequências na Europa.
A Alemanha decidiu fechar temporariamente 7 de seus 17 reatores. Já a União Europeia promete fazer um teste de estresse nas 147 usinas nucleares existentes em 13 dos 27 países do bloco.
O comissário europeu de Energia, Günther Öttinger, avaliou a situação na central de Fukushima 1 como "fora de controle". "Há quem fale de apocalipse, e a palavra me parece muito apropriada."
Nos EUA, porém, o presidente Barack Obama defendeu a energia nuclear como uma importante fonte energética no país.
A uma TV de Pittsburgh Obama disse que as usinas americanas são monitoradas e feitas para aguentar "certos impactos" de terremotos.
Anteontem, a chanceler (premiê) Angela Merkel havia anunciado o fechamento temporário de duas usinas, mas ampliou a medida para mais cinco. Todas foram construídas antes de 1980.
Elas ficarão fechadas pelo menos por três meses, período em que haverá uma avaliação dos riscos que oferecem à população.
Trata-se de uma mudança radical na política energética do país. Merkel, que tem doutorado em física, sempre foi considerada pró-usinas.
No ano passado, seu governo estendeu a vida útil das usinas do país por em média 12 anos além da data-limite definida pelo governo anterior (2021).
Agora, essa ampliação da "sobrevida" também está suspensa até que sejam feitos testes de segurança.
Um "teste de estresse" também foi definido ontem pela União Europeia.
A intenção do "teste de estresse" é saber se as 147 usinas do continente são seguras contra terremotos, outros desastres naturais e até atentados terroristas.
Ainda serão definidos os critérios para a avaliação, que deverá ocorrer no segundo semestre.
A França, onde 75% da energia elétrica consumida vem de usinas nucleares, também determinou que sejam feitas avaliações em todos os seus 58 reatores.
Mas o país descarta abandonar a energia nuclear, que é mais barata e menos poluente que a geração por termoelétricas, por exemplo.
Na Itália, que hoje não usa energia atômica, o governo anunciou que manterá seu programa nuclear. O país faz em junho um referendo para saber se a população aprova a construção de usinas.
Na Espanha, os ecologistas convocaram uma manifestação para amanhã. Vão pedir ao governo que feche todas as seis usinas do país.


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