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"EIXO DO MAL"
Irã não desistiria de tentar produzir armas atômicas
Ataque daria início a guerra sangrenta, conclui estudo
DE WASHINGTON
Um ataque norte-americano a
estruturas de produção nuclear
iranianas não livraria o mundo de
mais um país capaz de produzir
armas atômicas. Em vez disso, seria o início de um longo confronto militar com milhares de vítimas militares e pelo menos centenas de vítimas civis. A guerra provavelmente envolveria também
Iraque, Israel e Líbano. O mesmo
ocorrerá se o ataque partir de Israel, o que faria a participação dos
EUA obrigatória.
Essa é a conclusão de estudo
conduzido pela organização não-governamental pacifista britânica
Oxford Research Group. Segundo
o trabalho, intitulado "Irã -Conseqüências de uma Guerra", de
autoria de Paul Rogers, professor
de Estudos da Paz da Universidade de Bradford, o confronto seria
ineficaz, pelo menos do ponto de
vista do objetivo de acabar com a
opção nuclear iraniana.
"Embora o ataque possa danificar seriamente o potencial de desenvolvimento nuclear iraniano,
atrasando-o por cerca de cinco
anos, não impediria que o país
voltasse a tentar produzir armas
atômicas", dessa vez com a intenção de -e a motivação para-
utilizá-las de verdade.
Diplomacia
Por esse motivo, soluções diplomáticas devem ser exaustivamente utilizadas, conclui o estudo. É o
que pensa Joseph Cirincione, expert em não-proliferação de armas atômicas do Carnegie Endowment for International Peace.
"O "Plano Irã" está em ação, conforme pessoas da Casa Branca
nos fazem saber "off the record" ",
disse ele à Folha. "O problema é
que você não ouve os mesmos altos funcionários falando que há
uma pressão pela via diplomática.
Pelo contrário."
Para Cirincione, a Casa Branca
está seguindo exatamente o mesmo script dos meses que antecederam a invasão do Iraque, o que
é preocupante. "Primeiro, a
ameaça, antes de armas de destruição em massa, agora, atômica.
Depois, a vilificação para o Ocidente de um personagem facilmente odiável, antes Saddam
Hussein, agora Mahmoud Ahmadinejad. Por fim, veremos a tentativa de desacreditar o time da
ONU e de duvidar das reais intenções dos países que insistirem na
via diplomática", calcula.
Soberania
Há ainda a questão da soberania. O expert do Carnegie, que
também é professor da Universidade Georgetown, acredita que o
Irã tem o direito de usar energia
nuclear, "desde que para fins pacíficos e devidamente monitorado por entidades internacionais",
dadas as ações do país no passado.
Dele discorda completamente
Edward Luttwak, conselheiro do
Pentágono e expert em estratégias
militares do Centro de Estudos
Estratégicos e Internacionais.
"Não, o Irã não tem mais esse direito, e logo vai perder outros",
disse à Folha Luttwak.
Com os direitos vêm os deveres,
continua o analista. "Se o governo
brasileiro fornecesse abertamente
armas, treinamento e dinheiro a
organizações internacionais que
atacam pessoas e governos pelo
mundo, o Brasil também perderia
o direito à sua soberania, porque
as vítimas teriam o direito de atacar o país quando e como desejassem. O mesmo ocorreria se o presidente Lula pregasse a destruição
de outro país-membro da ONU;
os outros países-membros teriam
o direito de expulsar os diplomatas brasileiros, negar o direito à
aterrissagem de aeronaves, etc."
(SD)
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