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Plebiscito dá vitória a Correa e convoca nova Constituinte
Segundo boca-de-urna, 78% dos equatorianos dizem "sim" à 20ª Constituição
Carta precisa ser aprovada em nova consulta e deve passar a vigorar em 2008; oposição vê concentração de poderes por presidente
DA REDAÇÃO
Os equatorianos aprovaram
ontem uma Assembléia para
que seja escrita a 20ª Constituição desde a independência do
país, em 1830. Segundo pesquisa de boca-de-urna da Cedatos-Gallup, o "sim" teve 78,1% dos
votos ante 11,5% do "não".
O presidente Rafael Correa,
44, havia ameaçado renunciar
caso não conseguisse uma vitória convincente. "Essa é uma
vitória para o povo, para a democracia e para o nosso país",
disse, sorrindo, a partidários.
A vitória dará um impulso ao
mandato de Correa, que assumiu em janeiro, e permitirá que
avance com reformas, como o
fim da extensão da concessão
para uma grande base militar
dos EUA, a renegociação de
acordos de petróleo e a reestruturação da dívida nacional.
Segundo a lei, o "sim" deve
vencer com 50% mais um do
universo de votos, ou seja, bater
a soma do "não", dos nulos e
dos brancos. Segundo o TEE
(Tribunal Eleitoral do Equador), a apuração oficial demorará cinco dias, ainda que possa, legalmente, chegar a oito.
O TEE empreenderá imediatamente a preparação das eleições para designar os 130 participantes da Assembléia Constituinte, votação que não deverá
exceder os 150 dias posteriores
à convocação.
A Assembléia funcionará por
seis meses e poderá ser prorrogada por mais 60 dias. Caso isso
ocorra, o Equador terá sua nova
Constituição por volta do primeiro semestre de 2008.
A oposição teme que Correa
concentre muito poder e centralize o governo ao redor de
sua figura, como Hugo Chávez
fez na Venezuela. "Correa assumiu com valentia o socialismo
do século 21 e convocou a Constituinte", elogiou Chávez.
O presidente equatoriano rebate que não copiará nenhum
modelo exterior. Também diz
que o povo é o vencedor: "Sou
um mandatário e irei para casa
quando o povo quiser".
"Esse governo é uma mescla
de caudilhismo do século 19, de
populismo da metade do século
20, de socialismo arcaico e de
neofacismo", acusou o ex-presidente do Equador Osvaldo
Hurtado, líder da União Democrata Cristã, que encabeçou a
campanha pelo "não".
O prefeito de Guayaquil, o social-cristão Jaime Nebot -que
votou pelo "sim", contra a indicação de seu partido-, negou
que a Assembléia terá plenos
poderes, pois o estatuto aprovado ontem determina que a
nova Carta Magna seja aprovada por um novo referendo.
"A Constituição não entrará
em vigência até que uma nova
consulta popular seja feita ao
fim do trabalho da Assembléia,
ou seja, daqui a um ano."
O chefe da missão de observadores da Organização dos Estados Americanos, o chileno
Enrique Correa, espera que o
Equador ponha fim à instabilidade política que afeta o país na
última década e que construa
um projeto de consenso.
Barrados
Ontem, 9,2 milhões de equatorianos foram obrigados a votar. No entanto os 57 deputados de oposição cassados no dia
7 de março por serem contra a
nova Constituinte foram impedidos de entrar nos locais de
votação. A sanção do tribunal
eleitoral inclui a suspensão dos
direitos de cidadãos por um
ano, incluindo o voto.
A deputada Gloría Gallardo,
do Partido Renovador Institucional Ação Nacional, disse ir
acompanhada de um cartorário
para confirmar que a impediram de participar do referendo.
Pascual del Cioppo, do direitista Partido Social-Cristão, comentou que esse será "mais um
argumento" na ação que os deputados vão entrar, em duas semanas, na Corte Interamericana de Direitos Humanos.
Com agências internacionais
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