São Paulo, segunda-feira, 16 de abril de 2007

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Em 2º dia de manifestações contra Putin, 150 são presos

Protesto em São Petersburgo pedia "renúncia" do presidente e "eleições justas"

Coalizão que agrupa desde líder ultranacionalista ao ex-enxadrista Kasparov fora duramente reprimida em ato na véspera em Moscou

Dmitry Lovetsky/Associated Press
Policial prende manifestante durante protesto contra o governo Putin, em São Petersburgo


DA REDAÇÃO

A golpes de cassetetes e chutes, policiais russos detiveram ontem 150 manifestantes que protestavam contra o presidente Vladimir Putin em São Petersburgo, liderados pela coalizão de oposição Outra Rússia. No sábado, em Moscou, 170 opositores -entre eles o ex-campeão mundial de xadrez Gary Kasparov, 44- também haviam sido presos após protestarem contra "o esmagamento", por Putin, das liberdades democráticas no país.
Ontem, após uma manifestação autorizada pela polícia que pedia a renúncia de Putin, 500 dos 3.000 oposicionistas reunidos se dirigiram a uma estação de metrô quando teve início o confronto com os policiais.
O líder do Partido Nacional Bolchevique, que também compõe a Outra Rússia, Eduard Limonov, 64, dirigia-se aos manifestantes com as palavras: "Pedimos a renúncia do governo e do presidente, além de liberdade e eleições [presidenciais] justas". Mais tarde, Limonov seria detido e posteriormente libertado pela polícia.
Segundo a Reuters, os policiais continuaram a bater nos opositores mesmo depois de tê-los colocado nos camburões.
Kasparov, que deve ser candidato em 2008, afirmou que "o regime não está prestando mais atenção à lei".
As televisões russas, que são controladas pelo Estado, deram pouca atenção aos protestos e aos conflitos de ontem.

Coalizão ampla
A coalizão Outra Rússia agrupa uma oposição heterogênea, como Kasparov, Limonov e o ex-premiê de Putin Mikhail Kasianov. Apesar de ser marginal no sistema político russo, ela tem ganhado adeptos.
Rival político de Putin, Kasparov lidera uma oposição ferrenha ao presidente desde que deixou os tabuleiros, em 2005. Aliou-se a Limonov, que defende posições ultranacionalistas pró-eslavas. Seus seguidores se identificam com os revolucionários bolcheviques e com o movimento Decembrista, que instigou uma conspiração contra o czar Nicolai 1º, em 1825.
Já Kasianov, 49, é um especialista em finanças públicas e dirigiu o governo de 2000 a 2004, antes de se bandear para a oposição. Líder da União Democrática Popular, quer se lançar à Presidência em 2008, embora seja impopular e esteja sendo processado por apropriação ilegal de bens.
A maioria dos russos, contudo, apóia Putin, que, em sete anos de governo, viu subir o preço do petróleo e das commodities e o resgate do orgulho nacional, após o caos que se seguiu ao fim da União Soviética.


Com agências internacionais


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