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Azarão vence o primeiro debate britânico
Nick Clegg deixa primeiro-ministro Brown e favorito Cameron alternando a frase "concordo com Nick"
LUCIANA COELHO
DE GENEBRA
O primeiro debate televisionado na história entre os candidatos a governar o Reino Unido
conseguiu um feito raro para
um evento do tipo: terminar
com um vencedor nítido.
O semidesconhecido Nick
Clegg, líder da terceira força
política britânica, os liberais
democratas, deixou o premiê
Gordon Brown e o favorito nas
pesquisas, David Cameron, alternando a frase "eu concordo
com Nick". E foi apontado vencedor pela mídia britânica.
Na pesquisa da ITV, que
transmitiu o debate, o desempenho de Clegg foi o melhor para 46% dos espectadores, contra 26% que citaram o conservador Cameron e 20% que preferiram o trabalhista Brown.
Para a BBC, novamente Clegg
saiu-se melhor, mas seguido
pelo premiê.
O gráfico do jornal "The
Guardian" teve Clegg à frente
na maior parte do tempo, em
poucos momentos superado
por Brown. Cameron, que tem
uma vantagem cadente de 3 a 9
pontos nas pesquisas e ontem
acusou os trabalhistas de "assustarem" o eleitorado contra a
mudança, ficou para trás.
Clegg, 43, está no Parlamento britânico há apenas cinco
anos e lidera seu partido desde
o fim de 2007. Antes, foi parlamentar europeu, trabalhou na
Comissão Europeia e foi até
jornalista. Embora seu partido
surja com 20% nas pesquisas
(os conservadores estão na casa
dos 30 e muitos; os trabalhistas,
dos 30 e poucos), seu nome ainda tem pouco eco.
Desde ontem, no entanto,
sua aparência jovial e seu discurso combativo, que tirou de
Cameron a reivindicação por
mudança, se tornaram mais familiares do eleitorado. "O advento desse debate veio inserir
Clegg no cenário nacional", disse o principal analista político
da BBC, Nick Robinson, na TV.
"Se ele apenas não estragasse as
coisas, o debate já seria bom para seu partido. Mas ele fez muito mais que isso."
Primeiro a discursar, Clegg
se apresentou ressaltando a
oportunidade "fantástica" para
uma mudança de fato no país.
Ganhou pontos ao criticar os
dois partidos majoritários por
pouco fazerem no escândalo
envolvendo o desvio de despesas reembolsáveis por parlamentares -segundo tópico
mais discutido desta eleição,
atrás apenas da economia.
Brown, na avaliação dos analistas, não comprometeu sua
posição. Insistiu na bandeira da
retomada econômica, seu trunfo, sugeriu enxugar a Câmara
dos Lordes (Câmara Alta) e tornar suas vagas elegíveis (são hereditárias). E interpelou Cameron, auxiliado pelo formato de
"livre debate" após as perguntas, acusando-o de não garantir
que manterá as verbas para
saúde, educação e segurança.
O conservador titubeou no
ataque e pareceu tímido -era
sobre ele que recaíam mais expectativas. Os dois principais
candidatos parecem ter, em diversos momentos, solicitado o
apoio de Clegg, decisivo caso se
forme um governo de minoria
ou maioria estreita.
Falou-se de economia, imigração (o tema tabu: todos querem reduzir a entrada de imigrantes, mas Clegg quer um sistema que não barre a mão de
obra necessária), segurança,
militares (o liberal democrata
pediu o fim do programa nuclear britânico e foi contestado
pelos demais ante a "ameaça"
do Irã e da Coreia do Norte),
saúde, educação e serviços públicos. O foco era política doméstica e as perguntas foram
feitas (e lidas) pela plateia após
triagem de um painel.
No Twitter, no auge do debate, houve 21 mil mensagens por
segundo. O próximo debate, no
dia 22, trata de política externa.
Dia 29, uma semana antes da
eleição, o tema será economia.
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