|
Próximo Texto | Índice
MAIS VÍTIMAS
EUA dizem lamentar ataque que, segundo Belgrado, matou ao menos 64 refugiados; Clinton rejeita fim da ofensiva
Otan admite que, por erro, atacou civis
das agências internacionais
A Otan admitiu ontem que
um de seus
aviões "lançou
por erro uma
bomba contra
um veículo civil" em Kosovo,
na quarta, quando pelo menos 64
civis de origem albanesa morreram, segundo a Iugoslávia.
Outro comboio teria sido atacado anteontem, provocando a morte de ao menos oito pessoas. A
aliança militar ocidental não se
manifestou sobre esse incidente.
A Otan disse que não podia confirmar o saldo de vítimas, mas lamentou "qualquer dano a civis
inocentes". Afirmou que "as circunstâncias em que o incidente
ocorreu são inteiramente de responsabilidade do presidente (iugoslavo) Milosevic".
Detalhes da operação, realizada
perto da cidade de Djakovica, no
sudoeste de Kosovo, começaram a
ser revelados ontem.
O piloto responsável pelo bombardeio descreveu numa fita divulgada pela Otan o que aconteceu. A nacionalidade e o nome dele não foram
revelados.
Missão
Caças F-16 dos EUA saíram da
base de Aviano, no norte da Itália,
e tinham como missão sobrevoar o
sudoeste de Kosovo e atacar "rotas
estratégicas" para os militares sérvios e cidades onde atuam a polícia
e o Exército da Sérvia, para impedir a expulsão em massa dos kosovares de etnia albanesa.
O piloto teria confundido veículos civis com militares e, por isso,
bombardeado o comboio.
Para o porta-voz da Otan, Jamie
Shea, "ele (o piloto) lançou a bomba com boa-fé".
Belgrado disse que o ataque
"derrubou a máscara" da Otan e
revelou que o objetivo da organização é "ocupar Kosovo".
De acordo com o governo iugoslavo, não havia nenhum comboio
militar.
Os sérvios alegam que o comboio
atacado levava mil pessoas e cem
veículos, incluindo tratores, caminhões e carros particulares.
De acordo com Belgrado, ao menos 64 pessoas morreram na vila
de Meja, na estrada entre Prizren e
Djakovica.
Escoltados pela polícia e pelo
Exército, três grupos de refugiados, em sua maioria de etnia albanesa, haviam deixado Cafta Prusit
e Vrbnica, postos na fronteira com
a Albânia, e voltavam para a Província separatista.
Pouco depois, segundo o governo iugoslavo, a Otan bombardeou
um segundo comboio, com cerca
de 600 pessoas, também na estrada
que liga Prizren a Djakovica, na vila de Zrze.
Uma versão também iugoslava,
divulgada pelo centro de imprensa
da Sérvia em Kosovo, afirma que
44 pessoas morreram nesse segundo ataque, a cerca de 25 km do local do bombardeio mais intenso.
O presidente dos EUA, Bill Clinton, lamentou o ocorrido, mas defendeu a continuação dos ataques.
O erro "é lamentável. Também é
inevitável. Você não pode ter esse
tipo de conflito sem alguns erros
como esse acontecendo", afirmou.
"Não podemos simplesmente
cruzar os braços enquanto centenas de milhares de pessoas são tratadas brutalmente, assassinadas,
estupradas, expulsas de casa."
Cerca de 400 pessoas a favor e
contra a operação militar na Iugoslávia promoveram uma manifestação em San Francisco, onde o
presidente Clinton estava ontem.
"Tomamos precauções especiais
para proteger os civis", disse o secretário de Defesa dos EUA, William Cohen.
"Não vou aceitar a crítica que está vindo de Belgrado. Como eles
ousam produzir lágrimas de crocodilo pelas pessoas mortas em
um conflito pelo qual são responsáveis?", disse Robin Cook, ministro das Relações Exteriores do Reino Unido.
O governo russo, que é contra a
os bombardeios, afirmou
que a morte dos refugiados demonstrou que a
situação em Kosovo
não pode ser resolvida militarmente.
"Foi um massacre
de refugiados albaneses que estavam retornando para casa
no meio do dia. Isso
não pode ser considerado um erro.",
disse Milan Milutinovic, presidente da
República da Sérvia.
A Iugoslávia é formada por duas repúblicas: Sérvia e Montenegro.
Esse foi o erro mais
grave da Otan desde o
início dos bombardeios, em 24 de
março. É a terceira vez que a organização reconhece ter atingido civis em ataques.
Nas duas vezes anteriores, ao
menos 20 civis morreram.
Anteontem, a aliança militar havia levantado a possibilidade de
que aviões sérvios tinham atacado
os refugiados.
Especialistas afirmam, no entanto, que, se os sérvios tivessem tentado bombardear kosovares, a
aliança militar teria avistado e derrubado qualquer avião deles.
A Otan bombardeou ontem a capital iugoslava, Belgrado, Podgorica (capital de Montenegro) e Pancevo.
Os Estados Unidos enviaram aos
Bálcãs parte dos 24 helicópteros
Apache que estavam na Alemanha.
Washington não divulgou o número exato. Eles devem ficar em
uma base militar na Albânia.
Próximo Texto: Piloto disse ter visto "quadro de destruição' Índice
|