São Paulo, sexta-feira, 16 de maio de 2008

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Chávez diz que o informe é "show vergonhoso" e agressão

DE CARACAS

O presidente Hugo Chávez disse ontem que o relatório da Interpol é um "show" e que o secretário-geral da entidade é "um vagabundo internacional". Ele anunciou que revisará tanto a filiação da Venezuela à polícia internacional quanto as relações com a Colômbia.
"Uribe desrespeitou os acordos de Santo Domingo", disse, em entrevista a jornalistas estrangeiros, no Palácio Miraflores. "E esse show vergonhoso é um novo ato de agressão (...). Portanto, nós estamos obrigados a colocar de novo as relações com Colômbia numa profunda revisão, no diplomático, no econômico, em tudo", afirmou, sobre o segundo parceiro comercial da Venezuela, atrás apenas dos EUA.
"As importações da Colômbia não são imprescindíveis. O Brasil é um gigante e pode vender dez vezes o que a Colômbia nos vende", continuou.

Bilhete no bolso
Chávez também determinou ao seu ministro do Interior, Ramón Rodríguez Chacín, que revise a filiação da Venezuela à Interpol e sugeriu a criação de uma entidade paralela. "Podemos articular uma organização internacional da Alba [bloco formado por Venezuela, Bolívia, Cuba, Nicarágua e Dominica] e outros países europeus, gente séria."
A estratégia inicial de Chávez na entrevista foi de minimizar o relatório da Interpol. Na fala inicial, discorreu sobre a cúpula de Lima, com início hoje, e disse que está disposto a dar US$ 1 milhão por dia de sua renda petroleira para um fundo contra a fome.
Chávez só comentou o assunto quando uma jornalista da agência France Presse lhe perguntou se estaria disposto a se reunir com a Interpol para discutir o relatório de ontem.
Em tom agressivo, o presidente reclamou que estava falando de assuntos sérios e que a pergunta sobre a Interpol se referia a um "show de palhaços". "Trata-se de um show, e eu respondo com um show", disse.
Em seguida, escreveu num papel em branco, o dobrou e caminhou até o ministro da Alimentação, Félix Osorio, e colocou o bilhete em seu bolso.
Em seguida, Chávez "matou" o ministro, retirou o bilhete do seu bolso e entregou-o à autora da pergunta, que foi obrigada a ler no microfone: "Olha, Osorio, eu vou te matar. Ramón Rodríguez Chacín."
"Você acredita que tamanho ridículo mereça que nós percamos tempo nisso?", disse.
Depois disso, Chávez falou sobre o relatório por mais de 50 minutos, ironizando trechos da entrevista feita em Bogotá. (FM)


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