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Chávez diz que o informe é "show vergonhoso" e agressão
DE CARACAS
O presidente Hugo Chávez
disse ontem que o relatório da
Interpol é um "show" e que o
secretário-geral da entidade é
"um vagabundo internacional".
Ele anunciou que revisará tanto a filiação da Venezuela à polícia internacional quanto as
relações com a Colômbia.
"Uribe desrespeitou os acordos de Santo Domingo", disse,
em entrevista a jornalistas estrangeiros, no Palácio Miraflores. "E esse show vergonhoso é
um novo ato de agressão (...).
Portanto, nós estamos obrigados a colocar de novo as relações com Colômbia numa profunda revisão, no diplomático,
no econômico, em tudo", afirmou, sobre o segundo parceiro
comercial da Venezuela, atrás
apenas dos EUA.
"As importações da Colômbia não são imprescindíveis. O
Brasil é um gigante e pode vender dez vezes o que a Colômbia
nos vende", continuou.
Bilhete no bolso
Chávez também determinou
ao seu ministro do Interior, Ramón Rodríguez Chacín, que revise a filiação da Venezuela à
Interpol e sugeriu a criação de
uma entidade paralela. "Podemos articular uma organização
internacional da Alba [bloco
formado por Venezuela, Bolívia, Cuba, Nicarágua e Dominica] e outros países europeus,
gente séria."
A estratégia inicial de Chávez
na entrevista foi de minimizar
o relatório da Interpol. Na fala
inicial, discorreu sobre a cúpula de Lima, com início hoje, e
disse que está disposto a dar
US$ 1 milhão por dia de sua
renda petroleira para um fundo
contra a fome.
Chávez só comentou o assunto quando uma jornalista
da agência France Presse lhe
perguntou se estaria disposto a
se reunir com a Interpol para
discutir o relatório de ontem.
Em tom agressivo, o presidente reclamou que estava falando de assuntos sérios e que a
pergunta sobre a Interpol se referia a um "show de palhaços".
"Trata-se de um show, e eu respondo com um show", disse.
Em seguida, escreveu num
papel em branco, o dobrou e caminhou até o ministro da Alimentação, Félix Osorio, e colocou o bilhete em seu bolso.
Em seguida, Chávez "matou"
o ministro, retirou o bilhete do
seu bolso e entregou-o à autora
da pergunta, que foi obrigada a
ler no microfone: "Olha, Osorio, eu vou te matar. Ramón Rodríguez Chacín."
"Você acredita que tamanho
ridículo mereça que nós percamos tempo nisso?", disse.
Depois disso, Chávez falou
sobre o relatório por mais de 50
minutos, ironizando trechos da
entrevista feita em Bogotá.
(FM)
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