São Paulo, segunda-feira, 16 de maio de 2011

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Conflito nas fronteiras de Israel mata 13

Manifestações favoráveis aos palestinos reuniram milhares de pessoas na Síria, no Líbano e na faixa de Gaza

Crise marca aniversário da fundação do Estado israelense, data que os palestinos chamam de "Dia da Catástrofe"

MARCELO NINIO
DE JERUSALÉM E KALANDIA

Milhares de manifestantes pró-palestinos marcharam ontem da Síria, do Líbano e da faixa de Gaza em direção às fronteiras de Israel, gerando confrontos que deixaram ao menos 13 mortos por tiros das forças israelenses.
Os protestos marcaram o aniversário da fundação do Estado de Israel em 1948, que os palestinos chamam de "nakba" (catástrofe). Este ano, sob a inspiração das revoltas árabes, a mobilização ganhou reforço externo.
Na fronteira com a Síria, dezenas de manifestantes romperam a cerca de separação e entraram no território israelense, num incidente sem precedentes. Dois foram mortos e mais de cem ficaram feridos por disparos do Exército israelense.
Cerca de 30 manifestantes chegaram até a praça central de Majd el Shams, a maior aldeia drusa nas colinas do Golã, território capturado da Síria em 1967 e ocupado desde então por Israel.
Após protestar por mais de uma hora, foram escoltados por moradores de volta à Síria, onde vivem quase meio milhão de refugiados palestinos. Nos últimos anos, o regime sírio impediu que manifestantes chegassem até a fronteira para protestar.
Israel acusou a Síria e o Irã de orquestrar os protestos para desviar a atenção das manifestações contra o regime sírio, que já duram quase dois meses e têm sido duramente reprimidas, com um saldo de mais de 800 mortos.
Na fronteira com o Líbano, dez pessoas foram mortas e mais de cem ficaram feridas quando o Exército israelense abriu fogo contra manifestantes que jogaram pedras num posto militar e tentaram romper a cerca divisória.
Soldados libaneses tentaram conter os manifestantes, mas não impediram que centenas atingissem a fronteira.
Segundo o Exército israelense, os soldados deram tiros de advertência nas pernas dos manifestantes que tentaram romper a fronteira.
Há meses circula no Facebook uma campanha de ativistas palestinos convocando uma marcha às fronteiras de Israel no dia da "nakba".
O crescente número de adesões à campanha pôs o Exército israelense em alerta, mas a invasão da fronteira com a Síria o pegou de surpresa. No Egito e na Jordânia, marchas semelhantes foram bloqueadas pelos governos.

TERRITÓRIOS
Os territórios palestinos também tiveram protestos, como ocorre anualmente.
Na faixa de Gaza, uma pessoa morreu e mais de 60 ficaram feridas por disparos de Israel ao se aproximarem da fronteira. Os confrontos se repetiram em Jerusalém Oriental e no campo de refugiados de Kalandia, na Cisjordânia.
Para aumentar a tensão, um caminhão dirigido por um árabe-israelense bateu em mais de 15 carros em Tel Aviv, deixando um morto.
Depois de sair do caminhão aos gritos de "Deus é grande", o motorista negou que as colisões tenham sido intencionais. A polícia investiga se foi acidente ou um atentado como o de três anos atrás, quando um árabe-israelense matou quatro com um trator em Jerusalém.


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