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ISRAEL
Procurador diz que não há base para condenação; decisão pode facilitar saída de Gaza com entrada de trabalhistas no governo
Sharon escapa de processo de corrupção
DA REDAÇÃO
O procurador-geral de Israel arquivou ontem um processo de
corrupção contra Ariel Sharon,
pondo fim a meses de incerteza
quanto ao futuro político do premiê e fortalecendo as perspectivas
da entrada da oposição trabalhista no governo e de uma retirada
da faixa de Gaza em 2005.
O procurador-geral Meni Mazuz disse que não vai indiciar Sharon por aceitação de propina porque as evidências existentes "nem
sequer chegam perto" de ser suficientes para uma condenação.
A decisão abre caminho para
Sharon buscar uma aproximação
com o oposicionista Partido Trabalhista, que tinha dito que consideraria a possibilidade de juntar-se ao governo apenas se o premiê
fosse inocentado das alegações de
corrupção. Sharon precisa do
Partido Trabalhista para voltar a
ter maioria no Parlamento, perdida em conseqüência da saída dos
membros radicais do gabinete
que se opunham à proposta de retirada unilateral de Gaza.
Sharon quer retirar até o fim de
2005 os soldados e assentamentos
israelenses de Gaza, ocupada após
a guerra de 1967. Os trabalhistas
apóiam o plano, que só começaria
a ser implementado em nove meses. O líder trabalhista, Shimon
Peres, declarou que até agora seu
partido não foi convidado a iniciar conversações formais sobre
sua entrada no governo. Peres indicou que a resposta trabalhista
será clara: "O partido leva em
conta só uma consideração: o que
promoverá a paz, o que pode acelerar a retirada de Gaza".
Sharon e o Partido Trabalhista
se uniram durante o primeiro
mandato de Sharon como primeiro-ministro, entre 2001 e 2003,
mas o governo se dividiu em relação à questão do financiamento
dos assentamentos. Receosos
após essa experiência, muitos políticos trabalhistas são contrários
à idéia de refazer a aliança, dando
preferência à opção de derrubar o
governo Sharon e forçar novas
eleições. Mas Peres, 80, o estadista
mais respeitado do partido, parece estar decidido a conduzir seu
partido de volta à coalizão, na
qual poderia esperar um cargo
importante como o de chanceler.
Se Mazuz tivesse decidido indiciá-lo, o premiê provavelmente
teria sido obrigado a renunciar. O
caso de corrupção envolvia suspeitas de que o empresário israelense David Appel teria pago a Gilad Sharon, filho do premiê, centenas de milhares de dólares para
ajudar a implementar um negócio
imobiliário na Grécia, num momento em que Sharon era chanceler, em 1999. O projeto acabou
fracassando. Sharon nega a acusação. Mazuz também arquivou o
processo contra Gilad. Appel foi
indiciado por supostamente pagar propinas, mas, pelas leis israelenses, os promotores precisam
provar que o destinatário de uma
propina tinha conhecimento de
que se tratava de crime.
Críticos indagaram como um
sócio em negócios pôde ser indiciado por ter pago propina a Sharon e como a promotora pôde ter
recomendado o indiciamento do
premiê. Mas o procurador-geral
não teve uma única palavra desfavorável a dizer sobre Sharon.
O comentarista legal da rádio Israel, Moshe Negbi, se mostrou incrédulo. ""Uma pessoa que hoje é
juíza da Suprema Corte", disse
ele, referindo-se à então promotora Edna Arbel, "decidiu indiciar
o primeiro-ministro sem dispor
de provas que sequer se aproximassem de uma chance razoável
de condenação?" O partido oposicionista Yahad disse que vai recorrer à Suprema Corte contra a
decisão de ontem.
Enquanto isso, autoridades disseram que Israel estuda a possibilidade de construir até 2.000 novas unidades habitacionais em assentamentos da Cisjordânia, ao
mesmo tempo em que se retira. O
ministro da Defesa, Shaul Mofaz,
reuniu-se anteontem com líderes
dos colonos e disse que analisará
seu pedido de autorização para a
construção de novas residências.
Com agências internacionais
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