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Zarqawi via guerra de EUA e Irã, diz Bagdá
Autoridades citam documentos segundo os quais terrorista queria mudar foco dos EUA; soldados americanos mortos somam 2.500
Premiê iraquiano anuncia que pode conceder anistia
a insurgentes que tiverem matado somente militares dos EUA e não iraquianos
DA REDAÇÃO
O braço iraquiano da rede
terrorista Al Qaeda planejou
alimentar as hostilidades entre
os EUA e o Irã a ponto de fazê-las culminar numa guerra, segundo documentos supostamente achados por autoridades
iraquianas no esconderijo do líder do grupo, Abu Musab al
Zarqawi, morto na semana passada pelas forças dos EUA.
Os documentos, descritos
pelas autoridades do país como
"um grande tesouro", detalham
a estratégia política da rede e
sua cooperação com grupos
leais ao ex-ditador Saddam
Hussein, além de sinalizar o enfraquecimento da insurgência.
Os textos foram traduzidos e
divulgados pelo conselheiro de
Segurança Nacional iraquiano,
Mouwafak al Rubaie. A autenticidade das informações atribuídas à Al Qaeda não pôde ser
confirmada.
Segundo o porta-voz militar
americano, general William
Caldwell, os documentos foram achados em uma operação
que durou três semanas, anterior à morte de Al Zarqawi.
"Pudemos verificar que essa
informação realmente veio de
algum tipo de arquivo de computador que estava em um local
seguro", disse Caldwell.
De acordo com o governo do
premiê Nuri al Maliki, os documentos diziam que Zarqawi
planejava destruir a relação entre os EUA e seus aliados árabe-xiitas no Iraque.
A linguagem usada difere,
porém, da empregada pela Al
Qaeda em seus comunicados
na internet: não se refere aos
americanos como "cruzados",
por exemplo. "O tempo está começando a jogar a favor das forças americanas e a prejudicar a
insurgência", diz o texto.
"Em termos gerais e apesar
da situação atual sombria,
achamos que a melhor solução
para sair dessa crise é tentar
envolver as forças americanas
em uma guerra com outro país
ou outros grupos hostis", afirma, segundo Bagdá. "Pensamos
especificadamente tentar fazer
escalar a tensão entre a América e o Irã, e entre americanos e
xiitas no Iraque."
"Agora estamos em vantagem", disse Rubaie, que qualificou a descoberta como "o início
do fim da Al Qaeda no Iraque".
"Sentimos que sabemos, pelos
documentos que encontramos
nos últimos dias, seu paradeiro,
os nomes de seus líderes e seus
movimentos."
Segundo o "Washington
Post", o premiê Maliki propôs
uma anistia limitada para tentar pôr fim à insurgência árabe-sunita como parte de um plano
de reconciliação nacional a ser
divulgado nos próximos dias.
O plano, disse o premiê, deve
incluir o perdão àqueles que
atacaram apenas tropas americanas e "que não estiveram envolvidos no derramamento de
sangue iraquiano".
"Inclui ainda conversas com
homens armados que se opunham ao processo político e
agora querem retornar à atividade política", disse Maliki anteontem em Bagdá.
O Exército dos EUA informou que foram realizadas 452
operações desde a morte de Al
Zarqawi, em 7 de julho, e que
104 insurgentes foram mortos.
2.500 soldados mortos
O saldo de soldados americanos mortos desde o início da
Guerra do Iraque, há três anos,
atingiu a marca dos 2.500, afirmou ontem o Pentágono.
O anúncio foi feito dois dias
depois que o presidente George
W. Bush fez uma visita-surpresa ao Iraque, na tentativa de recuperar o apoio da população
americana à guerra.
"É um número", disse o porta-voz da Casa Branca, Tony
Snow. "É sempre um marco
triste, e uma das coisas que o
presidente tem dito é que essas
pessoas não morrerão em vão."
No mesmo dia, o Senado rejeitou um pedido para retirar as
forças dos EUA do Iraque até o
fim do ano. Pela medida, rejeitada por 93 votos a 6, seriam
mantidos no país apenas as tropas consideradas cruciais para
apoiar as forças iraquianas.
O Senado também aprovou
uma provisão orçamentária de
cerca de US$ 66 bilhões para as
forças militares no Iraque e no
Afeganistão.
Com agências internacionais
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