São Paulo, sábado, 16 de junho de 2007

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Cultivo de coca cresce na Bolívia e no Peru, diz ONU

Produção de cocaína também subiu nos dois países; na Colômbia, cultivo diminuiu

Chapare, berço político do presidente Evo Morales, teve "crescimento drástico" no cultivo; governo boliviano anunciou redução para 2007

DA REDAÇÃO

O cultivo da planta de coca, base para a produção de cocaína, subiu 8% na Bolívia e 7% no Peru em 2006, tendo diminuído 9% na Colômbia no mesmo ano, concluiu o relatório anual do Escritório das Nações Unidas contra Drogas e Crime (UNODC).
O crescimento do cultivo na Bolívia tem especial motivo para preocupar o governo brasileiro já que, segundo a embaixada americana e a polícia boliviana, de 85% a 90% de toda a cocaína produzida pela Bolívia vai parar no Brasil.
Segundo o relatório, a produção de cocaína na Bolívia cresceu de 80 toneladas em 2005 para 94 em 2006. O cultivo da folha de coca no país ocupou 27,5 mil hectares, contra 25,4 mil registrados em 2005. O total estimado inclui os 12 mil hectares permitidos pela lei boliviana para uso tradicional. No início do ano, o presidente Evo Morales, que também é líder cocaleiro, expressou a intenção de modificar a lei para expandir a área de cultivo de coca legal para 20 mil hectares.
Os EUA criticam a expansão, afirmando que, atualmente, 5.000 hectares suprem o mercado legal da coca na Bolívia.
Segundo o texto, o cultivo teve um "crescimento drástico na região tropical do Chapare" (19%), berço político de Morales. "O governo precisa garantir ao mundo que seu apoio aos cocaleiros não levará a um incremento da produção de coca", disse o diretor-executivo do UNODC, Antônio Maria Costa.
Em resposta ao relatório do UNODC, o vice-ministro de Coca e Industrialização, Gerónimo Meneses, afirmou ontem que os produtores de coca eliminarão neste ano 5.000 hectares de cultivo excedente. Segundo Meneses, a redução das plantações será feita de forma voluntária nas regiões de Chapare e Yungas -as principais áreas produtoras da planta-, baseada em um acordo que será assinado no dia 29 de junho.

Colômbia e Peru
Apesar da queda do cultivo da planta na Colômbia, o país continua a ser o maior cultivador de coca e produtor global de cocaína, respondendo por 62% da droga encontrada no mundo. Segundo o relatório, a queda do cultivo da folha de coca se deve, principalmente, à fumigação dos cultivos ilegais -que subiu 24%- e à erradicação manual da coca.
A superfície cultivada é a mais baixa em dez anos. A erradicação da coca na Colômbia é altamente financiada pelos EUA, que pelo Plano Colômbia destinam ao país US$ 700 milhões anuais, a maior parte em ajuda militar para combater a guerrilha e o narcotráfico.
"A situação geral é estável, porém frágil", disse Costa. "Recentes indícios sugerem que o cultivo de coca nos Andes pode ser, e está sendo, contido."
O Peru, segundo maior produtor mundial de cocaína, respondendo a 28% da produção da droga, cultivou 54 mil hectares de folha de coca em 2006.
Segundo o relatório, a demanda global de cocaína se mantém estável, com um decréscimo nos EUA e um aumento na Europa.
A África Ocidental é cada vez mais usada como região de trânsito para a cocaína. "É uma novidade alarmante que pode minar a estabilidade de países africanos inteiros. Não podemos permitir que novos narco-Estados surjam", disse Costa.


Com agências internacionais


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