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Chávez e Uribe se reunirão para normalizar relações
Primeiro encontro bilateral desde 2007 ocorrerá em julho, provavelmente na Venezuela
Uribe elogia as críticas do colega às Farc; os dois países são parceiros comerciais e 4 milhões de colombianos vivem no território vizinho
FABIANO MAISONNAVE
DE CARACAS
O presidente colombiano, Álvaro Uribe, se encontrará com
o seu colega Hugo Chávez daqui a um mês para tentar encerrar a crise diplomática que se
arrasta desde o fim do ano passado. O local ainda não foi definido, mas deve ocorrer em território venezuelano.
A viagem foi confirmada pelo
próprio Uribe anteontem à noite, ao fazer elogios ao mandatário venezuelano sobre suas recentes declarações criticando
as Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia).
"Quero reiterar (...) os agradecimentos ao presidente Hugo
Chávez pelos comentários que
ajudam bastante para que a Colômbia ganhe rapidamente a
paz definitiva", afirmou. A data
mais provável é 15 de julho.
Há oito dias, Chávez surpreendeu ao exortar as Farc a
deixar as armas e a liberar unilateralmente os 39 reféns políticos que o grupo pretende trocar por 500 rebeldes presos.
A reaproximação entre os
dois presidentes ocorre depois
de uma série de atritos. No dia
11 do mês passado, irritado com
a divulgação de documentos
vinculando o seu governo às
Farc, Chávez acusou Uribe de
"buscar uma guerra" e prometeu que nunca mais falaria com
o colega, a quem chamou de
"narcoparamilitar".
No início de março, Chávez
anunciou o rompimento de relações diplomáticas com Bogotá em reação ao ataque colombiano em território equatoriano que matou o número 2 das
Farc, Raúl Reyes. Dias depois,
porém, voltou atrás.
O último encontro bilateral
ocorreu em outubro do ano
passado, durante a inauguração
de um gasoduto binacional. No
mês seguinte, Uribe interrompeu a participação de Chávez
como mediador das negociações com as Farc para a libertação dos reféns, desatando a
mais grave crise diplomática
bilateral em duas décadas.
Os dois países têm fortes ligações históricas, culturais e econômicas. Segundo o governo
venezuelano, há cerca de 4 milhões de colombianos regularmente registrados no país, dos
quais 200 mil são refugiados do
conflito armado.
A Venezuela é o segundo destino das exportações colombianas, atrás dos EUA. A balança
comercial é favorável à Colômbia: dos US$ 6 bilhões de comércio bilateral em 2007, cerca
de US$ 4,6 bilhões foram de
vendas ao vizinho.
Reeleição
Em declarações publicadas
ontem na Colômbia, o vice-presidente Francisco Santos disse
que "não é preciso ter medo da
reeleição de Uribe" e que "em
todo o país se escuta que a gente quer sua reeleição". Um partido da base governista vem recolhendo assinaturas para mudar a Constituição de forma a
permitir um terceiro mandato
consecutivo, iniciativa duramente criticada pela oposição.
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