São Paulo, segunda-feira, 16 de junho de 2008

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Chávez e Uribe se reunirão para normalizar relações

Primeiro encontro bilateral desde 2007 ocorrerá em julho, provavelmente na Venezuela

Uribe elogia as críticas do colega às Farc; os dois países são parceiros comerciais e 4 milhões de colombianos vivem no território vizinho

FABIANO MAISONNAVE
DE CARACAS

O presidente colombiano, Álvaro Uribe, se encontrará com o seu colega Hugo Chávez daqui a um mês para tentar encerrar a crise diplomática que se arrasta desde o fim do ano passado. O local ainda não foi definido, mas deve ocorrer em território venezuelano.
A viagem foi confirmada pelo próprio Uribe anteontem à noite, ao fazer elogios ao mandatário venezuelano sobre suas recentes declarações criticando as Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia). "Quero reiterar (...) os agradecimentos ao presidente Hugo Chávez pelos comentários que ajudam bastante para que a Colômbia ganhe rapidamente a paz definitiva", afirmou. A data mais provável é 15 de julho.
Há oito dias, Chávez surpreendeu ao exortar as Farc a deixar as armas e a liberar unilateralmente os 39 reféns políticos que o grupo pretende trocar por 500 rebeldes presos.
A reaproximação entre os dois presidentes ocorre depois de uma série de atritos. No dia 11 do mês passado, irritado com a divulgação de documentos vinculando o seu governo às Farc, Chávez acusou Uribe de "buscar uma guerra" e prometeu que nunca mais falaria com o colega, a quem chamou de "narcoparamilitar".
No início de março, Chávez anunciou o rompimento de relações diplomáticas com Bogotá em reação ao ataque colombiano em território equatoriano que matou o número 2 das Farc, Raúl Reyes. Dias depois, porém, voltou atrás.
O último encontro bilateral ocorreu em outubro do ano passado, durante a inauguração de um gasoduto binacional. No mês seguinte, Uribe interrompeu a participação de Chávez como mediador das negociações com as Farc para a libertação dos reféns, desatando a mais grave crise diplomática bilateral em duas décadas.
Os dois países têm fortes ligações históricas, culturais e econômicas. Segundo o governo venezuelano, há cerca de 4 milhões de colombianos regularmente registrados no país, dos quais 200 mil são refugiados do conflito armado.
A Venezuela é o segundo destino das exportações colombianas, atrás dos EUA. A balança comercial é favorável à Colômbia: dos US$ 6 bilhões de comércio bilateral em 2007, cerca de US$ 4,6 bilhões foram de vendas ao vizinho.

Reeleição
Em declarações publicadas ontem na Colômbia, o vice-presidente Francisco Santos disse que "não é preciso ter medo da reeleição de Uribe" e que "em todo o país se escuta que a gente quer sua reeleição". Um partido da base governista vem recolhendo assinaturas para mudar a Constituição de forma a permitir um terceiro mandato consecutivo, iniciativa duramente criticada pela oposição.


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