São Paulo, segunda-feira, 16 de junho de 2008

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Contrabandista tinha plano de bomba

Desenho do artefato compacto estava em computador de empresário ligado a cientista do Paquistão

Projeto é mais moderno que o da bomba dos anos 60 que a China explodiu; Paquistão não permite que A. Q. Khan seja interrogado sobre rede

DO "NEW YORK TIMES"

Foram descobertos em computadores da quadrilha ligada ao cientista e contrabandista paquistanês Abdul Qadeer Khan os planos para a construção de uma arma atômica moderna e compacta, sem que os serviços de inteligência saibam se o material foi fornecido a países pouco confiáveis.
O desenho é mais sofisticado que o da bomba que o Paquistão explodiu há dez anos. O governo paquistanês -que desde 2004 colocou Khan em prisão domiciliar- diz que aquele cientista era apenas responsável pela produção de plutônio e não teve acesso à construção da bomba propriamente dita.
Especialistas não acreditam nessa versão. Notam que o plano agora encontrado tem mais componentes eletrônicos que o fornecido por Khan à Líbia.
Em 2003, o dirigente líbio, Muammar Gaddafi, abandonou os projetos de construir a bomba e entregou aos ocidentais o material que possuía, em meio a negociações para sua reintegração à comunidade internacional. As informações da Líbia permitiram o desmantelamento do mercado negro de desenhos e peças chefiado pelo cientista paquistanês.
O novo plano de uma bomba estava armazenado no computador de um empresário suíço, Urs Tinner, que foi destruído em novembro de 2007, diante de inspetores da Agência Internacional de Energia Atômica. Tinner era ligado a Khan.
Não se tem idéia de quantas cópias foram feitas do plano, que seria facilmente copiável. A bomba é bastante compacta para ser transportada pelo míssil iraniano Shahab-3, feito a partir de um projeto norte-coreano. Ela é mais miniaturizada e moderna que a bomba construída pela China nos anos 60, que até agora se supunha ser a matriz dos desenhos comercializados no mercado negro pelo contrabandista paquistanês.
A incógnita sobre a proliferação do plano da bomba persiste em razão da impossibilidade de os serviços de inteligência ocidentais interrogarem Khan. Ele foi considerado em seu país "o pai da bomba atômica" e ganhou o estatuto de herói nacional. O cientista e contrabandista, dizem os americanos, com certeza forneceu à Líbia, ao Irã e à Coréia do Norte tecnologia para a produção de plutônio, matéria-prima da bomba.
A existência do novo plano de uma bomba foi revelada em maio publicamente pelo governo da Suíça. A informação foi ontem retomada com novos e alarmantes detalhes em manchete do jornal americano "The Washington Post".


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