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Líder supremo iraniano dá apoio a presidente para reforçar teocracia
Behrouz Meri/France Presse
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Mir Hossein Mousavi ergue os braçõs entre multidão em Teerã
DO ENVIADO A TEERÃ
Com ou sem fraude, o apoio
fiel do líder supremo iraniano,
aiatolá Ali Khamenei, ao presidente Mahmoud Ahmadinejad
se revelou a grande aliança desta eleição.
Segundo vários analistas ouvidos pela Folha, que pediram
anonimato pelo clima de caça
aos opositores vivido em Teerã,
Khamenei, 69, vê qualquer tipo
de abertura -seja na política
externa ou nos costumes internos- como ameaça à própria
teocracia que lidera desde
1989, quando substituiu o fundador da República Islâmica do
Irã, o aiatolá Ruhollah Khomeini (1902-1989).
Com um presidente carismático nos EUA como Barack
Obama propondo diálogo com
o Irã, uma juventude cada vez
mais ocidentalizada nos hábitos e uma liderança religiosa
envelhecida, Khamenei acha
que os reformistas, representados pelo candidato à Presidência Mir Hossein Mousavi, podem acabar com a coesão da
República Islâmica.
Ao manifestar seu ódio pelos
Estados Unidos e por Israel,
que alimenta o sentimento de
injustiça e vitimização muçulmano contra potências coloniais ocidentais, Ahmadinejad
se credenciaria para manter a
influência ocidental mais longe
do Irã.
Além da lealdade ao aiatolá,
Ahmadinejad é um presidente
mais jovem, populista e carismático, profundamente religioso e conservador. Por isso
Khamenei teria se apressado a
legitimar a vitória de Ahmadinejad, quando a apuração ainda estava no começo.
Com isso, fragiliza três líderes reformistas de uma vez: o
candidato derrotado Mousavi,
o ex-presidente Mohammad
Khatami (1997-2005) e seu
principal adversário interno, o
aiatolá e também ex-presidente Aqbar Hashemi Rafsanjani
(1989-1997), líder da Revolução que poderia concorrer para
se tornar líder supremo.
Rafsanjani comanda atualmente a Assembleia dos Especialistas, único organismo com
poder para destituir o líder supremo. Durante a campanha,
pressionou Khamenei para que
repreendesse Ahmadinejad
por acusá-lo de supostos atos
de corrupção durante o período em que foi presidente.
Endurecimento do regime
Ao se fixar no programa nuclear e nas diatribes com o Ocidente, Ahmadinejad desvia a
atenção da crise econômica
atual -23,6% de inflação, quase 20% de desemprego- e a incompetência econômica crônica da Revolução.
Em 30 anos, nenhuma refinaria foi construída. Dono das
segundas maiores reservas de
gás e petróleo do mundo, o Irã
precisa importar gasolina.
"Ahmadinejad viajou às cidades pequenas, distribuiu comida e dinheiro vivo para os mais
pobres em comícios, enquanto
muitos aiatolás perderam contato com as massas", disse à Folha o analista político Sharif
Emamjomeh, colunista de vários jornais locais.
"Quando acusou o aiatolá
Rafsanjani de corrupção nos
debates pela TV, foi uma forte
cartada para os iranianos, que
odeiam a corrupção, e um agrado aos adversários deste", diz.
Se a análise é correta, pode
representar um endurecimento ainda maior do regime.
A advogada Nasrin Sotodeh,
que participou da campanha do
opositor Mousavi e é especialista em direitos humanos, concorda com essa visão.
"Parece que estamos vivendo
um golpe militar, com mais repressão e tiros que nos últimos
anos, nunca tivemos uma situação parecida", diz.
"Se a batalha sobre o resultado da eleição for perdida, acho
que mais e mais jovens ficarão
céticos sobre o desejo do regime de se abrir e seguirão o caminho de outros 5 milhões de
iranianos, deixar o país."
(RJL)
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