São Paulo, terça-feira, 16 de junho de 2009

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Obama se diz "perturbado", mas evita confrontar Teerã

Americano defende que denúncias sejam investigadas "sem derramamento de sangue"

Presidente diz que "cabe aos iranianos escolher líderes", mas ressalta soberania do país; líderes europeus fazem críticas mais duras ao Irã


DA REDAÇÃO

Em suas primeiras declarações sobre a crise gerada após a eleição presidencial iraniana, o presidente dos EUA, Barack Obama, disse ontem que "não se pode ficar calado" diante da situação no Irã e se declarou "profundamente perturbado" com os acontecimentos.
Destoando dos líderes europeus, que ontem aumentaram a pressão sobre o governo iraniano, Obama evitou, no entanto, críticas pesadas a Teerã, com quem busca reaproximação.
O presidente disse que não dispõe dos meios para saber se houve fraude, mas defendeu que sejam investigadas, "sem derramamento de sangue", as acusações de irregularidade na eleição presidencial.
"O processo democrático, a liberdade de expressão, a possibilidade de as pessoas protestarem pacificamente -são valores universais e precisam ser respeitados", disse Obama, após receber o premiê italiano, Silvio Berlusconi.
Sinalizando que não pretende interferir na crise, Obama disse que respeitaria a "soberania iraniana" e insistiu em que "cabe aos iranianos escolher os seus líderes".
A declaração visa ressaltar que os EUA não pretendem repetir o ocorrido em 1953, quando um golpe da CIA derrubou o então premiê nacionalista Mohamed Mossadegh.
O incidente alimenta até hoje a desconfiança de boa parte dos iranianos em relação à política externa da Casa Branca.
Obama ressaltou que continuará buscando diálogo com Teerã, com quem os EUA estão rompidos desde 1980.
Palavras mais duras foram usadas pelos governos europeus, que pressionaram ontem as autoridades do Irã a investigar as acusações de fraude e criticaram duramente a repressão aos protestos antigoverno.
O tom mais severo partiu do presidente francês, Nicolas Sarkozy. Ele disse que manipulações são "inaceitáveis" e condenou as "restrições às liberdades pública e de expressão".
Sarkozy cobrou que "se faça toda a luz" sobre as acusações de manipulação.
A Chancelaria francesa convocou o embaixador iraniano em Paris a se explicar sobre a crise, mas a representação mandou um diplomata subalterno, alegando que o chefe de missão estava "indisponível".
A União Europeia condenou o "uso da força contra manifestantes pacíficos" e descartou enviar observadores, alegando que cabe a Teerã "esclarecer o ocorrido".

Com agências internacionais



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