|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Obama se diz "perturbado", mas evita confrontar Teerã
Americano defende que denúncias sejam investigadas "sem derramamento de sangue"
Presidente diz que "cabe aos iranianos escolher líderes", mas ressalta soberania do país; líderes europeus fazem críticas mais duras ao Irã
DA REDAÇÃO
Em suas primeiras declarações sobre a crise gerada após a
eleição presidencial iraniana, o
presidente dos EUA, Barack
Obama, disse ontem que "não
se pode ficar calado" diante da
situação no Irã e se declarou
"profundamente perturbado"
com os acontecimentos.
Destoando dos líderes europeus, que ontem aumentaram a
pressão sobre o governo iraniano, Obama evitou, no entanto,
críticas pesadas a Teerã, com
quem busca reaproximação.
O presidente disse que não
dispõe dos meios para saber se
houve fraude, mas defendeu
que sejam investigadas, "sem
derramamento de sangue", as
acusações de irregularidade na
eleição presidencial.
"O processo democrático, a
liberdade de expressão, a possibilidade de as pessoas protestarem pacificamente -são valores universais e precisam ser
respeitados", disse Obama,
após receber o premiê italiano,
Silvio Berlusconi.
Sinalizando que não pretende interferir na crise, Obama
disse que respeitaria a "soberania iraniana" e insistiu em que
"cabe aos iranianos escolher os
seus líderes".
A declaração visa ressaltar
que os EUA não pretendem repetir o ocorrido em 1953, quando um golpe da CIA derrubou o
então premiê nacionalista Mohamed Mossadegh.
O incidente alimenta até hoje
a desconfiança de boa parte dos
iranianos em relação à política
externa da Casa Branca.
Obama ressaltou que continuará buscando diálogo com
Teerã, com quem os EUA estão
rompidos desde 1980.
Palavras mais duras foram
usadas pelos governos europeus, que pressionaram ontem
as autoridades do Irã a investigar as acusações de fraude e criticaram duramente a repressão
aos protestos antigoverno.
O tom mais severo partiu do
presidente francês, Nicolas
Sarkozy. Ele disse que manipulações são "inaceitáveis" e condenou as "restrições às liberdades pública e de expressão".
Sarkozy cobrou que "se faça
toda a luz" sobre as acusações
de manipulação.
A Chancelaria francesa convocou o embaixador iraniano
em Paris a se explicar sobre a
crise, mas a representação
mandou um diplomata subalterno, alegando que o chefe de
missão estava "indisponível".
A União Europeia condenou
o "uso da força contra manifestantes pacíficos" e descartou
enviar observadores, alegando
que cabe a Teerã "esclarecer o
ocorrido".
Com agências internacionais
Texto Anterior: Líder supremo iraniano dá apoio a presidente para reforçar teocracia Próximo Texto: Lula compara protestos a Fla x Vasco Índice
|