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UE anuncia acordo para receber presos de Guantánamo
Pelo acerto com Washington, divulgado ontem, cada país do bloco tomará sua própria decisão, mediante pedido dos EUA
Entendimento contempla só uma classe de detentos, segue regras específicas e pode beneficiar até 60 dos mais de 200 prisioneiros
JANAINA LAGE
DE NOVA YORK
A União Europeia (UE) e os
EUA anunciaram um acordo de
cooperação para o fechamento
da prisão na base militar americana de Guantánamo, onde são
confinados os presos da "guerra ao terror".
Segundo comunicado conjunto divulgado ontem, os 27
países-membros do bloco poderão receber ex-detentos com
base em pedidos feitos por autoridades americanas. A decisão de aceitar os prisioneiros
em seus territórios caberá exclusivamente a cada país da UE.
Em nota, o bloco afirma que
espera contribuir para mudanças nas políticas americanas e
sustenta que o objetivo da medida é ajudar Washington "a virar a página". "A cooperação
baseada em valores compartilhados é essencial para a efetiva
luta contra o terrorismo, ao
mesmo tempo protegendo a liberdade e a segurança de nossos cidadãos", afirma o texto.
"Será agora uma decisão de
cada país da UE aceitar detentos de Guantánamo ou não, sabendo que nós chegamos a um
acordo de princípios gerais",
afirmou Jonathan Faull, dirigente da Comissão Europeia.
O acordo estabelece ainda
que os EUA deverão compartilhar com os países para onde os
ex-detentos serão mandados
todas as informações de inteligência disponíveis, incluindo
os dados confidenciais referentes aos ex-prisioneiros.
Casos específicos
Estão previstas só transferências de presos passíveis de
liberação porque não tiveram
comprovado o envolvimento
em terrorismo e não podem ser
mandados pelos EUA de volta
aos países de origem, sob o risco de serem perseguidos.
No início de seu mandato, o
presidente dos EUA, Barack
Obama, determinou que a prisão deveria ser fechada em um
ano. Aberta no governo de
George W. Bush na esteira do 11
de Setembro, a instituição
atraiu críticas internacionais
por manter prisioneiros por
tempo indeterminado, mesmo
quando sem provas de acusações de práticas terroristas.
Funcionários da UE disseram à agência Reuters que o
bloco poderia receber cerca de
60 ex-detentos. Hoje, Guantánamo tem mais de 200 presos.
A decisão sobre aceitar ou
não os ex-detentos é polêmica
e, até o momento, nove países
da UE manifestaram interesse
em cooperar com Washington.
Até o mês passado, os membros da UE estavam divididos.
Alguns (Portugal, Reino Unido,
Espanha, Suécia, Irlanda e
França) ofereceram auxílio aos
EUA. Já Holanda e Áustria
eram enfaticamente avessos ao
recebimento dos detentos.
A política europeia de fronteiras abertas deixa a questão
mais complexa -um ex-detento poderia ir livremente de um
país simpático à iniciativa rumo a outro que a rejeita.
Em reação ao anúncio de ontem, o chanceler espanhol, Miguel Angel Moratinos, afirmou
que a princípio a Espanha responderá positivamente à demanda dos EUA, mas deverá
antes receber uma lista com a
relação dos ex-detentos.
O enviado especial americano, Dan Fried, chegará nesta
semana a Madrid para tratar da
transferência de detentos com
as autoridades espanholas.
Com agências internacionais
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