São Paulo, terça-feira, 16 de junho de 2009

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UE anuncia acordo para receber presos de Guantánamo

Pelo acerto com Washington, divulgado ontem, cada país do bloco tomará sua própria decisão, mediante pedido dos EUA

Entendimento contempla só uma classe de detentos, segue regras específicas e pode beneficiar até 60 dos mais de 200 prisioneiros


JANAINA LAGE
DE NOVA YORK

A União Europeia (UE) e os EUA anunciaram um acordo de cooperação para o fechamento da prisão na base militar americana de Guantánamo, onde são confinados os presos da "guerra ao terror".
Segundo comunicado conjunto divulgado ontem, os 27 países-membros do bloco poderão receber ex-detentos com base em pedidos feitos por autoridades americanas. A decisão de aceitar os prisioneiros em seus territórios caberá exclusivamente a cada país da UE.
Em nota, o bloco afirma que espera contribuir para mudanças nas políticas americanas e sustenta que o objetivo da medida é ajudar Washington "a virar a página". "A cooperação baseada em valores compartilhados é essencial para a efetiva luta contra o terrorismo, ao mesmo tempo protegendo a liberdade e a segurança de nossos cidadãos", afirma o texto.
"Será agora uma decisão de cada país da UE aceitar detentos de Guantánamo ou não, sabendo que nós chegamos a um acordo de princípios gerais", afirmou Jonathan Faull, dirigente da Comissão Europeia.
O acordo estabelece ainda que os EUA deverão compartilhar com os países para onde os ex-detentos serão mandados todas as informações de inteligência disponíveis, incluindo os dados confidenciais referentes aos ex-prisioneiros.

Casos específicos
Estão previstas só transferências de presos passíveis de liberação porque não tiveram comprovado o envolvimento em terrorismo e não podem ser mandados pelos EUA de volta aos países de origem, sob o risco de serem perseguidos.
No início de seu mandato, o presidente dos EUA, Barack Obama, determinou que a prisão deveria ser fechada em um ano. Aberta no governo de George W. Bush na esteira do 11 de Setembro, a instituição atraiu críticas internacionais por manter prisioneiros por tempo indeterminado, mesmo quando sem provas de acusações de práticas terroristas.
Funcionários da UE disseram à agência Reuters que o bloco poderia receber cerca de 60 ex-detentos. Hoje, Guantánamo tem mais de 200 presos.
A decisão sobre aceitar ou não os ex-detentos é polêmica e, até o momento, nove países da UE manifestaram interesse em cooperar com Washington.
Até o mês passado, os membros da UE estavam divididos. Alguns (Portugal, Reino Unido, Espanha, Suécia, Irlanda e França) ofereceram auxílio aos EUA. Já Holanda e Áustria eram enfaticamente avessos ao recebimento dos detentos.
A política europeia de fronteiras abertas deixa a questão mais complexa -um ex-detento poderia ir livremente de um país simpático à iniciativa rumo a outro que a rejeita.
Em reação ao anúncio de ontem, o chanceler espanhol, Miguel Angel Moratinos, afirmou que a princípio a Espanha responderá positivamente à demanda dos EUA, mas deverá antes receber uma lista com a relação dos ex-detentos.
O enviado especial americano, Dan Fried, chegará nesta semana a Madrid para tratar da transferência de detentos com as autoridades espanholas.

Com agências internacionais



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