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"Intolerância de Chávez silencia mídia"
Segundo a relatora para a liberdade de expressão da OEA, governo se utiliza do código penal contra jornalistas
Catalina Botero diz não ter recebido resposta a carta ao governo com críticas; "a situação é muito grave", afirma
FLÁVIA MARREIRO
DE CARACAS
A intolerância do governo
Chávez às críticas se reflete
no uso do código penal para
silenciar jornalistas críticos.
A declaração é de Catalina
Botero, relatora especial para
a Liberdade de Expressão da
CIDH (Comissão Interamericana de Direitos Humanos),
da OEA (Organização dos Estados Americanos).
À Folha ela diz que não recebeu resposta à nota que enviou ao governo, criticando a
condenação de um jornalista
a três anos de prisão e a ordem de detenção do dono da
TV oposicionista Globovisión, Guillermo Zuloaga.
Botero deve tratar o tema
hoje na apresentação que fará ante a Subcomissão de Relações Exteriores da Câmara
dos Representantes dos EUA.
Chávez costuma dizer que
a comissão é parcial e repetiu
a crítica na entrevista ao programa HardTalk, da BBC de
Londres. Suas críticas à OEA
e as respostas às incômodas
perguntas do jornalista britânico foram repetidas várias
vezes ontem na Globovisión.
Folha - Na nota enviada ao
governo Chávez, a comissão
faz pontuações específicas.
Receberam alguma resposta?
Catalina Botero - Esperamos que o Estado nos envie a
informação que solicitamos.
Há a oferta de que trabalhemos juntos para superar os
problemas. Não recebemos
resposta. É com espírito
construtivo que fazemos as
pontuações específicas.
A comissão espera que as restrições à liberdade de expressão piorem com a proximidade das eleições legislativas?
Como a comissão disse em
seu último informe, a situação é muito grave.
A existência de um marco
jurídico inadequado, a intolerância do Executivo às críticas da dissidência e a falta de
independência e autonomia
do Poder Judiciário constituem importantes debilidades à democracia venezuelana e comprometem de modo
sensível o direito de liberdade de expressão.
A nota também fala da condenação à prisão de um jornalista que escreveu uma coluna sobre suposto ato de corrupção de um chavista.
Hoje em dia não é raro que
se use o direito penal para silenciar jornalistas críticos ou
dissidentes políticos.
Parece que as autoridades
se esqueceram que um importante valor para uma democracia vigorosa é a existência de um debate aberto,
plural e sem inibições sobre
todos os assuntos públicos,
ainda que ele seja incômodo
ou perturbador para uma
parte da sociedade.
Chávez afirma que não há
país mais democrático
que a Venezuela
folha.com.br/mu751203
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