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São Paulo, quarta-feira, 16 de julho de 2003

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CRISE

Ex-chefe da Defesa dos EUA crê em risco de conflito com seu país neste ano

Ex-secretário vê guerra na Coréia

DA REDAÇÃO

Os EUA podem entrar em guerra com a Coréia do Norte ainda neste ano. A previsão foi feita por William Perry, ex-secretário da Defesa da gestão de Bill Clinton, em entrevista publicada ontem pelo jornal "Washington Post".
A preocupação de Perry, considerado um especialista em questões relacionadas à Coréia do Norte, é fundamentada principalmente na avaliação de que o regime comunista norte-coreano começou a reprocessar combustível para extrair o plutônio usado na fabricação de armas nucleares.
Ontem, a Casa Branca confirmou que recebeu da Coréia do Norte a informação de que o país completou um reprocessamento de plutônio que seria suficiente para fazer seis bombas atômicas, como já havia sido divulgado no último domingo pela agência de notícias sul-coreana Yonhap.
A avaliação de serviços de inteligência é que Pyongyang já tenha uma ou duas bombas atômicas.
"Há vários meses tenho pensado que, se a Coréia do Norte começa o reprocessamento, então estamos no caminho da guerra", disse Perry. "Acho que estamos [os EUA] perdendo o controle."
A Casa Branca anunciou que ainda vai checar a veracidade da informação recebida de diplomatas norte-coreanos. O porta-voz Scott McClellan afirmou que o presidente George W. Bush não descarta uma ação militar e que vai discutir isso com os aliados americanos e com os países que são vizinhos da Coréia do Norte.
O porta-voz reforçou, porém, que a prioridade é a diplomacia, mesmo que a ameaça agora pareça mais séria do que a representada pelo Iraque, que foi atacado pelos EUA. "Situações diferentes merecem estratégias diferentes."
Para Perry, Pyongyang também começará em breve a realizar testes com artefatos nucleares e pode vendê-los a terroristas que tenham planos de atacar os EUA.
"O atual programa nuclear da Coréia do Norte cria o perigo iminente de vermos armas nucleares detonadas em cidades americanas", disse Perry, que tem discutido a questão norte-coreana com funcionários da Casa Branca e dirigentes chineses e sul-coreanos.
Como sinal da crescente preocupação com a crise que envolve a Coréia do Norte, a China intensificou a atuação diplomática no caso. A chancelaria chinesa cobrou ontem que as negociações sejam retomadas e fez uma proposta para tentar conciliar as posições de americanos e norte-coreanos quanto ao formato dos encontros.
A China sugeriu que as negociações continuem a ser multilaterais, como querem os EUA, mas com reuniões paralelas apenas entre americanos e norte-coreanos, formato que a Coréia do Norte prefere para todo o processo.
Em abril, já aconteceram conversas entre americanos e norte-coreanos em Pequim, com a intermediação da China. Os EUA querem a inclusão, principalmente, de Japão e Coréia do Sul.
O vice-chanceler chinês também esteve na Coréia do Norte de sábado a ontem e entregou uma carta do presidente Hu Jintao ao líder norte-coreano Kim Jong-il.


Com agências internacionais


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