São Paulo, sexta-feira, 16 de julho de 2004

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CHILE

Senado dos EUA diz que banco de Washington ocultou até US$ 8 mi do ex-ditador chileno em contas secretas nas Bahamas

Banco ajudou Pinochet a esconder milhões

DA REDAÇÃO

Um relatório de investigação do Senado americano apontou que o Riggs Bank, maior banco de Washington, ajudou o ex-ditador chileno Augusto Pinochet (1973-90) a esconder entre US$ 4 milhões e US$ 8 milhões de procuradores internacionais enquanto esteve em prisão domiciliar em Londres, entre 1998 e 1999. A notícia foi publicada ontem pelo jornal "The Washington Post".
As negociações entre Pinochet e o Riggs Bank começaram em 1996. Segundo o relatório, o banco tentou ocultar seu relacionamento com o ex-ditador, usando diversas contas pessoais e corporativas, mantidas em subsidiárias do banco nas Bahamas.
Em documentos legais, por exemplo, o banco não se refere ao ex-ditador pelo nome, mas como um "profissional aposentado" que teve "uma posição de alta remuneração no setor público".
O relatório aponta que a direção do banco se empenhou em fazer negócio com Pinochet e tinha conhecimento de suas atividades bancárias, do status legal do ex-ditador e dos esforços judiciais para capturar seus ativos.
O banco não quis comentar as acusações. O filho do ex-ditador, Marco Antonio, as chamou de "meras mentiras".
Pinochet, 88, foi detido em Londres em 1998 depois que o juiz espanhol Baltasar Garzón pediu sua extradição, acusando-o de genocídio, terror e tortura contra cidadãos espanhóis. Em 1999, a Justiça britânica o livrou da extradição alegando razões humanitárias e de saúde. Ele voltou ao Chile.
Ontem, em reação à notícia, o presidente Ricardo Lagos disse que o Chile pode abrir uma investigação sobre possíveis contas secretas do ex-ditador. "Se o resultado das investigações estabelece o nível [de dinheiro] nas contas e há certeza sobre o dono dessas contas, então provavelmente haveria uma comissão composta por diferentes órgãos do governo no Chile para investigar", disse.
O banco esteve envolvido em outros escândalos. Em maio, foi condenado a pagar US$ 25 milhões por violações de leis de lavagem de dinheiro em negociações com as embaixadas da Arábia Saudita e da Guiné Equatorial.
Em 1996, foi acusado de desenvolver o que a Justiça americana classificou de "elaborada ficção jurídica" para fraudar o Fisco dos EUA, em caso relacionado a empréstimos ao Brasil nos anos 80.
Em 1984, o Brasil aceitou fornecer a bancos credores americanos -entre eles o Riggs- recibos de Imposto de Renda nunca pago no país. Esses bancos americanos usaram os recibos para deduzir US$ 300 milhões em impostos ao Fisco americano.


Com agências internacionais

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