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Bush e Putin na abertura do G8
Para presidente dos EUA, Hizbollah tem de "abaixar as armas"; líder russo pede que Israel dê resposta "balanceada"
Os dois líderes chegaram a um acordo de cooperação para conter a proliferação nuclear e o terrorismo; Lula se reúne com Bush amanhã
FERNANDO CANZIAN
ENVIADO ESPECIAL A SÃO PETERSBURGO
Os presidentes dos EUA,
George W. Bush, e da Rússia,
Vladimir Putin, pediram ontem, na abertura da cúpula do
G8, em São Petersburgo, o fim
da violência no Oriente Médio.
Mas enquanto Bush responsabilizou diretamente o Hizbollah pela onda de violência, Putin disse que Israel deveria dar
uma reposta "mais balanceada"
aos ataques da organização.
Putin também colocou Bush
em situação de constrangimento ao rebater comentários do
norte-americano sobre a situação da democracia na Rússia.
Ao responder a pergunta de
um jornalista sobre o assunto,
Bush disse que expressou a Putin seu desejo de "promover
mudanças institucionais em
partes do mundo, como no Iraque, onde há liberdade de imprensa e religião". "Em nosso
país, muitos gostariam que o
mesmo ocorresse na Rússia."
A reposta de Putin foi direta:
"Para ser bem honesto, nós certamente não queremos ter o
mesmo tipo de democracia que
eles têm no Iraque", afirmou,
provocando risos na entrevista.
Putin e Bush se reuniram em
um palácio perto de São Petersburgo e às margens do golfo da
Finlândia, onde acontece a reunião do G8. Apesar das discordâncias, o clima entre os dois,
que se trataram pelo primeiro
nome várias vezes, foi cordial.
Além da discussão sobre o
Oriente Médio, os dois líderes
chegaram a um acordo de cooperação para tentar conter a
proliferação nuclear e o terrorismo. Não foram apresentados
detalhes das iniciativas.
EUA e Rússia têm hoje visões
diferentes, de maior e menor
radicalismo, respectivamente,
nas negociações sobre como
pressionar o Irã e a Coréia do
Norte a se submeterem a um
maior controle de seus programas nucleares.
Putin chegou a afirmar que,
embora a intenção da Rússia
seja a de "construir um mundo
mais seguro", o país "não participará de nenhuma cruzada, de
nenhuma aliança sagrada".
Bush não respondeu aos comentários. Apenas disse que
conversou com Putin, no caso
do Irã, para tentarem desenvolver alguma estratégia de pressão a partir da ONU. Na entrevista, Putin chegou a chamar o
Irã de "parceiro".
Sobre a escalada de violência
no Oriente Médio, Bush disse
que começou "porque o Hizbollah vem lançando foguetes
contra Israel e porque capturou dois soldados israelenses".
"A melhor maneira de acabar
com a violência é o Hizbollah
abaixar suas armas", disse
Bush, exortando ainda a Síria a
"parar de exercer influência"
sobre o grupo.
Apesar de considerar "as
preocupações de Israel justificadas", Putin afirmou que "o
uso da força deve ser balanceado". "A escalada da violência
não levará a nenhum resultado
positivo."
Agenda
A partir de hoje, estão previstos encontros com os demais
membros do grupo (Alemanha,
Reino Unido, França, Itália,
Canadá e Japão) e com líderes
de países em desenvolvimento
convidados (Brasil, China, Índia, África do Sul, México e
Congo -pelos africanos).
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva chegou ontem no final da tarde à Rússia. Ele terá
encontros com representantes
dos emergentes hoje e com
Bush amanhã. A prioridade na
agenda é tentar melhorar duas
ofertas feitas por EUA e União
Européia nas atuais negociações em curso na OMC (Organização Mundial do Comércio).
"Trabalhamos para que haja
um acordo entre os líderes. Se
isso ocorrer, o passo seguinte
seria tentar marcar uma reunião em Genebra [sede da
OMC] para que isso possa
avançar", disse o chanceler Celso Amorim.
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