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Atentados matam 70 e põem Paquistão à beira da guerra
Vítimas eram na maioria militares; atentados demonstram força dos islâmicos que se vingam de chacina em mesquita
Repressão contra radicais também leva líderes tribais a romperem trégua de dez meses com a ditadura de Musharraf, aliada aos EUA
Mohammad Zubair/Associated Press
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Paquistanesas reagem a ataque em Matta (norte); tensão sobe |
DA REDAÇÃO
Em esperado recrudescimento da violência, cerca de 70
pessoas morreram no fim de
semana no Paquistão, em atentados de militantes islâmicos
próximos à Al Qaeda, que procuram se vingar da ditadura de
Pervez Musharraf. Seu Exército matou na semana passada
102 pessoas (segundo dado oficial; o número real pode ser
bem maior) na Mesquita Vermelha, em Islamabad.
Esse embrião de guerra civil
foi também estimulado pela
ruptura da trégua de dez meses,
observada pelos líderes tribais
que controlam a região fronteiriça com o Afeganistão, anunciou Abdullah Farhad, porta-voz dos extremistas.
A região abriga bases do Taleban, grupo deposto no final de
2001 pelos Estados Unidos e
que ressurge como poderosa
guerrilha contra os militares
estrangeiros no Afeganistão.
Os incidentes mais violentos
ocorreram, sábado, no Wazirinstão do Norte, quando um
suicida matou 24 militares e feriu outros 30. Ontem, 14 militares foram mortos por uma
bomba no distrito de Swat, e 18
morreram com a explosão de
um posto de recrutamento na
cidade de Dera Ismail Khan.
Essa sucessão de episódios
tende a dividir o Paquistão entre islâmicos moderados, que
apóiam ou fazem oposição ao
ditador, e islâmicos radicais,
entrincheirados em mesquitas
de cidades ou nas montanhas
em que supostamente se esconde Osama bin Laden.
Apoio dos EUA
Musharraf não consegue
unir seu país em razão da forte
ligação que mantém com os Estados Unidos, que o consideram uma peça-chave na guerra
contra o terrorismo. Ainda ontem o assessor de Segurança
Nacional da Casa Branca, Stephen Hadley, elogiou a ruptura
com os chefes tribais, pois "o
acordo não funcionou".
Reiterou que Washington
continua a apoiar o regime paquistanês, mas criticou indiretamente Musharraf por não ter
conseguido neutralizar o Taleban, atuante em seu território.
Musharraf não poderá mobilizar as Forças Armadas em
bloco contra os líderes tribais,
porque os soldados e a oficialidade são muitas vezes simpáticos aos integristas, favoráveis à
implantação no país de um regime de intolerância religiosa.
Embora tenha reiteradamente negado, Musharraf também poderá decretar o estado
de emergência e cancelar as
eleições presidenciais previstas
para o segundo semestre.
Já na semana passada o governo reforçou seus contingentes na fronteira com o Afeganistão, temendo que edifícios
públicos sofressem ataques
maciços em represália às vítimas da Mesquita Vermelha.
Além de militares, disse uma
testemunha, havia vítimas civis
nos atentados do fim de semana. Seus corpos foram retirados
antes que as TVs fossem autorizadas a registrar as cenas.
Na região fronteiriça emerge
ainda a liderança do clérigo
Maulana Fazlullah, próximo da
Al Qaeda e que anunciou, sábado, entrar na clandestinidade
para não ser preso. Antes, apelou pela "guerra santa" contra o
ditador aliado aos EUA.
Com agências internacionais
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