São Paulo, quarta-feira, 16 de julho de 2008

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China critica o indiciamento de líder sudanês por tribunal de Haia

Pequim não descarta bloquear na ONU eventual ordem de prisão por genocídio a Bashir em ato em Cartum

DA REDAÇÃO

Um dia depois do indiciamento pelo Tribunal Penal Internacional (TPI) do presidente do Sudão, Omar Hassan al Bashir, por genocídio em Darfur, a China, maior fornecedor de armas do governo sudanês, expressou "séria preocupação" com o processo. Pequim não descartou bloquear um eventual pedido de prisão no Conselho de Segurança da ONU.
Após momentâneo silêncio, a China concordou com o Sudão ontem sobre o risco de o indiciamento abalar as negociações de paz e a estabilidade no país africano. "As ações do TPI devem ser benéficas à estabilidade da região de Darfur [oeste do Sudão] e à resolução apropriada da questão, e não o contrário", disse o porta-voz da Chancelaria chinesa, Liu Jianchao.
Bashir é o primeiro presidente em exercício formalmente acusado pelo tribunal e teve mandado de prisão solicitado pelo procurador, Luis Moreno-Ocampo. A decisão deve sair em cerca de três meses.
O governo sudanês aposta no apoio de Pequim contra o processo. A China é também o principal investidor na indústria petrolífera sudanesa.
Nem a China nem o Sudão, como os EUA e outros países, são signatários do TPI. O processo chegou ao tribunal por decisão do Conselho de Segurança da ONU, na qual Pequim e EUA se abstiveram.
Organismos internacionais, inclusive a ONU, temem retaliações contra serviços assistentes humanitários e tropas de paz. A ONU ontem pediu a seus funcionários em Cartum que permanecessem em suas casas, enquanto milhares de sudaneses protestavam contra o indiciamento com slogans de "Ocampo é um criminoso".
Bashir foi acusado na segunda-feira de genocídio por planejar e implementar uma campanha violenta contra grupos Fur, Masalit e Zaghawa por motivos étnicos. Membros desses grupos, influentes em Darfur, organizaram em 2003 uma insurgência contra o governo em Cartum, o qual acusam de marginalizar a Província em favor de árabes de outras regiões.
Ele também foi acusado de crimes contra a humanidade (incluindo assassinato, extermínio, deslocamento forçado, tortura e estupro) e crimes de guerra. O procurador diz que as Forças Armadas sudanesas e milícias árabes armadas por elas são diretamente responsáveis pela morte de 35 mil pessoas e pela fuga de 2,5 milhões.


Com agências internacionais



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