São Paulo, quinta-feira, 16 de julho de 2009 |
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Sindicatos tentam asfixiar regime golpista
Movimentos pró-Zelaya prometem fechar fronteiras de Honduras para aumentar pressão econômica sobre governo interino
FABIANO MAISONNAVE ENVIADO ESPECIAL A MANÁGUA (NICARÁGUA) Sem ver avanços nas negociações intermediadas pela Costa Rica, o presidente deposto de Honduras, Manuel Zelaya, parece apostar agora na pressão econômica dos países vizinhos para voltar ao poder. Sindicatos e outros grupos de esquerda dentro de Honduras anunciaram o bloqueio de vias de acesso ao país por 48 horas a partir de hoje. O país faz fronteira com Guatemala, El Salvador e Nicarágua, os dois últimos governados por presidentes de esquerda. "Fecharemos as vias de acesso para El Salvador e Nicarágua; com a Guatemala não houve comunicação", disse ontem à Folha Israel Salinas, secretário-geral da Confederação Unitária de Trabalhadores de Honduras (CUTH). "Também haverá ocupações nas cidades de Tegucigalpa, San Pedro Sula e La Ceiba, entre outras." Salinas, integrante da comitiva que acompanhou Zelaya à Costa Rica na semana passada, disse que o fechamento temporário das fronteiras será feito em coordenação com organizações sociais salvadorenhas e nicaraguenses. Em Manágua, começou ontem um congresso de movimentos sociais da região para discutir, entre outros temas, o fechamento permanente das fronteiras com Honduras. Zelaya passou os últimos três dias na Guatemala e na Nicarágua, país governado pelo aliado Daniel Ortega. Em Manágua, o presidente deposto montou seu escritório num hotel ao lado do aeroporto internacional. Nos últimos dois dias, teve a companhia do chanceler venezuelano, Nicolás Maduro, e de outros funcionários de Hugo Chávez. A estreita ligação de Zelaya com Chávez foi um dos estopins para o golpe de Estado que o derrubou no dia 28. Até ontem, não havia sido confirmada a segunda rodada de negociações entre representantes de Zelaya e Micheletti para este sábado, como quer o mediador das negociações, o presidente costa-riquenho, Óscar Arias. Na segunda, Zelaya afirmou que, se não houver um acordo para a sua reintegração nesta semana, ele abandonará as negociações. Apesar da intensa pressão diplomática internacional, Honduras até agora não vem tendo problemas de desabastecimento. Mesmo nos dias mais tensos, o comércio abriu as portas. Apesar dos rumores de que poderia haver falta de combustível, os postos vêm funcionando normalmente. As fronteiras de Honduras são bastante povoadas e têm um tráfego intenso de pessoas e de produtos. Vinte e dois por cento das importações do país e 17% de suas exportações são feitas com os vizinhos. Ontem, Micheletti admitiu a possibilidade de renunciar ao seu cargo como solução para a crise, mas apenas se isso não significar a volta de Zelaya ao poder. "Para que haja paz e tranquilidade no país, sem o retorno, que fique bem claro, sem o retorno do ex-presidente Zelaya, estou disposto a fazê-lo [renunciar]", disse. Números de uma pesquisa Gallup, divulgada ontem pela Associated Press, mostram que Zelaya é mais popular no país do que Micheletti. Segundo o levantamento, 46% apoiam o presidente deposto, contra 30% para o interino. Próximo Texto: Hondurenhos pressionam Casa Branca por posição mais firme Índice |
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