São Paulo, quinta-feira, 16 de julho de 2009

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Proposta de diálogo com Irã tem prazo de validade, diz Hillary

Secretária de Estado do governo Barack Obama afirma que reação de Teerã a manifestações contra a reeleição de Mahmoud Ahmadinejad foi "deplorável"

DE WASHINGTON

Em sua volta à cena política após uma breve pausa, a secretária de Estado americana, Hillary Clinton, disse que a proposta de diálogo do governo Barack Obama ao regime dos aiatolás do Irã tem prazo para acabar e classificou a reação das autoridades aos protestos contra o resultado das eleições presidenciais recém-realizadas naquele país de "deploráveis" e "inaceitáveis".
Depois de dizer que não havia um canal aberto entre Washington e Teerã nesse momento, a chanceler afirmou que a decisão agora é do governo iraniano sobre se quer retomar o diálogo entre os dois países, que não têm relações diplomáticas desde 1980. "Se eles optarem por isso, nós deixamos muito claro que não é um compromisso sem prazo. Essa não é uma porta que continua aberta não importa o que aconteça."
Sobre a repressão do governo aos protestos contra o contestado pleito do mês passado, que confirmou o segundo mandato do presidente ultraconservador Mahmoud Ahmadinejad, mas levou dezenas de milhares às ruas em manifestações contra o resultado, ela foi mais dura do que Obama tem sido em geral. "Como nós e nossos parceiros de G8 deixamos claro, essas ações são deploráveis e inaceitáveis."
Para a chanceler, o Irã não tem o direito de uma instalação nuclear militar. "E nós estamos determinados a impedir isso", disse ela, sem elaborar como. Mas o país "tem direito a poder nuclear civil, se restabelecer a confiança da comunidade internacional de que vai usar o programa exclusivamente para fins pacíficos".
Hillary mantinha uma agenda leve desde que quebrou o cotovelo direito numa queda em 17 de junho. O sumiço pós-acidente ajudou a alimentar especulações de tensão com a Casa Branca, principalmente com o Conselho de Segurança Nacional. Analistas se perguntavam se o discurso de ontem não seria uma maneira de a ex-primeira-dama deixar claro que ela ainda era a mais alta autoridade para assuntos de política externa abaixo do presidente.
"Nem o presidente nem eu temos qualquer ilusão de que o diálogo direto com a República Islâmica vai ser bem-sucedido", disse ela, em longo pronunciamento seguido de entrevista no Council on Foreign Relations de Washington. "Mas também sabemos da importância de tentar engajar o Irã e oferecer a seus líderes uma escolha clara: fazer parte da comunidade internacional como membro responsável ou continuar seu longo caminho rumo a um maior isolamento."
A secretária de Estado parte no fim da semana para a Índia e anunciou que irá ao Paquistão e à Rússia no último trimestre do ano. Ao elencar as potências globais "maiores e emergentes", citou Brasil, China, Índia e Rússia, "assim como Turquia, Indonésia e África do Sul".
(SÉRGIO DÁVILA)


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