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Proposta de diálogo com Irã tem prazo de validade, diz Hillary
Secretária de Estado do governo Barack Obama afirma que reação de Teerã a manifestações contra a reeleição de Mahmoud Ahmadinejad foi "deplorável"
DE WASHINGTON
Em sua volta à cena política
após uma breve pausa, a secretária de Estado americana, Hillary Clinton, disse que a proposta de diálogo do governo Barack Obama ao regime dos aiatolás do Irã tem prazo para acabar e classificou a reação das
autoridades aos protestos contra o resultado das eleições presidenciais recém-realizadas
naquele país de "deploráveis" e
"inaceitáveis".
Depois de dizer que não havia um canal aberto entre Washington e Teerã nesse momento, a chanceler afirmou que a
decisão agora é do governo iraniano sobre se quer retomar o
diálogo entre os dois países,
que não têm relações diplomáticas desde 1980. "Se eles optarem por isso, nós deixamos
muito claro que não é um compromisso sem prazo. Essa não é
uma porta que continua aberta
não importa o que aconteça."
Sobre a repressão do governo
aos protestos contra o contestado pleito do mês passado, que
confirmou o segundo mandato
do presidente ultraconservador Mahmoud Ahmadinejad,
mas levou dezenas de milhares
às ruas em manifestações contra o resultado, ela foi mais dura do que Obama tem sido em
geral. "Como nós e nossos parceiros de G8 deixamos claro,
essas ações são deploráveis e
inaceitáveis."
Para a chanceler, o Irã não
tem o direito de uma instalação
nuclear militar. "E nós estamos
determinados a impedir isso",
disse ela, sem elaborar como.
Mas o país "tem direito a poder
nuclear civil, se restabelecer a
confiança da comunidade internacional de que vai usar o
programa exclusivamente para
fins pacíficos".
Hillary mantinha uma agenda leve desde que quebrou o cotovelo direito numa queda em
17 de junho. O sumiço pós-acidente ajudou a alimentar especulações de tensão com a Casa
Branca, principalmente com o
Conselho de Segurança Nacional. Analistas se perguntavam
se o discurso de ontem não seria uma maneira de a ex-primeira-dama deixar claro que
ela ainda era a mais alta autoridade para assuntos de política
externa abaixo do presidente.
"Nem o presidente nem eu
temos qualquer ilusão de que o
diálogo direto com a República
Islâmica vai ser bem-sucedido", disse ela, em longo pronunciamento seguido de entrevista no Council on Foreign Relations de Washington. "Mas
também sabemos da importância de tentar engajar o Irã e oferecer a seus líderes uma escolha clara: fazer parte da comunidade internacional como
membro responsável ou continuar seu longo caminho rumo a
um maior isolamento."
A secretária de Estado parte
no fim da semana para a Índia e
anunciou que irá ao Paquistão e
à Rússia no último trimestre do
ano. Ao elencar as potências
globais "maiores e emergentes", citou Brasil, China, Índia e
Rússia, "assim como Turquia,
Indonésia e África do Sul".
(SÉRGIO DÁVILA)
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