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Soldados que atacaram Gaza relatam abusos deliberados
Entidade de militares veteranos reporta disparos aleatórios, uso de civis como escudo humano e emprego de munição proibida
DA REDAÇÃO
Soldados israelenses que
participaram da última ofensiva na faixa de Gaza relataram
ter sido instruídos a atirar indiscriminadamente contra palestinos e a usá-los como escudos humanos durante os ataques. Os militares também admitiram o uso generalizado de
munição com fósforo branco
em áreas civis, o que é proibido.
As declarações estão num relatório divulgado ontem pela
ONG israelense Quebrando o
Silêncio, que reúne militares
veteranos contrários a "abusos" cometidos pelo Exército
nos "territórios ocupados".
Depoimentos anônimos de
30 militares de várias patentes
revelam, diz a ONG, uma "atmosfera permissiva na estrutura de comando, que permitiu
aos solados atuarem sem obrigações morais" na invasão do
território palestino em janeiro.
A ofensiva começou em 27 de
dezembro com o objetivo declarado de forçar o grupo islâmico Hamas, que controla Gaza, a parar de disparar foguetes
contra o sul de Israel. O conflito
de 22 dias matou 1.400 palestinos e 13 israelenses e destruiu a
infraestrutura de Gaza.
Entre os depoimentos apresentados pela ONG está o de
um soldado que descreve a maneira como os civis eram utilizados como escudos humanos
nas casas suspeitas. "Antes de
invadir as casas, mandávamos
os vizinhos entrarem."
"[Entrávamos] colocando o
cano do fuzil sobre o ombro de
um civil, que era usado como
escudo", afirma outro militar.
Segundo os testemunhos, a
orientação era atirar primeiro e
perguntar depois, tática para
minimizar as baixas israelenses
às vésperas da eleição de fevereiro -que levou a oposição direitista ao poder.
Um dos soldados conta que
as instruções diziam que "é melhor atingir um inocente do que
hesitar em atingir um inimigo".
O governo israelense disse
que o relatório está "baseado
em testemunhos anônimos e
vagos, sem investigar seus detalhes nem sua credibilidade".
O ministro da Defesa, Ehud
Barak, repetiu que o Exército
de Israel se guia "pelo mais alto
padrão de ética" -argumento
que usara anteriormente, diante de acusações similares.
A Anistia Internacional e a
ONU acusaram Israel e o Hamas de crimes de guerra.
Com agências internacionais
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