São Paulo, quinta-feira, 16 de julho de 2009

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Soldados que atacaram Gaza relatam abusos deliberados

Entidade de militares veteranos reporta disparos aleatórios, uso de civis como escudo humano e emprego de munição proibida

DA REDAÇÃO

Soldados israelenses que participaram da última ofensiva na faixa de Gaza relataram ter sido instruídos a atirar indiscriminadamente contra palestinos e a usá-los como escudos humanos durante os ataques. Os militares também admitiram o uso generalizado de munição com fósforo branco em áreas civis, o que é proibido.
As declarações estão num relatório divulgado ontem pela ONG israelense Quebrando o Silêncio, que reúne militares veteranos contrários a "abusos" cometidos pelo Exército nos "territórios ocupados".
Depoimentos anônimos de 30 militares de várias patentes revelam, diz a ONG, uma "atmosfera permissiva na estrutura de comando, que permitiu aos solados atuarem sem obrigações morais" na invasão do território palestino em janeiro.
A ofensiva começou em 27 de dezembro com o objetivo declarado de forçar o grupo islâmico Hamas, que controla Gaza, a parar de disparar foguetes contra o sul de Israel. O conflito de 22 dias matou 1.400 palestinos e 13 israelenses e destruiu a infraestrutura de Gaza.
Entre os depoimentos apresentados pela ONG está o de um soldado que descreve a maneira como os civis eram utilizados como escudos humanos nas casas suspeitas. "Antes de invadir as casas, mandávamos os vizinhos entrarem."
"[Entrávamos] colocando o cano do fuzil sobre o ombro de um civil, que era usado como escudo", afirma outro militar.
Segundo os testemunhos, a orientação era atirar primeiro e perguntar depois, tática para minimizar as baixas israelenses às vésperas da eleição de fevereiro -que levou a oposição direitista ao poder.
Um dos soldados conta que as instruções diziam que "é melhor atingir um inocente do que hesitar em atingir um inimigo".
O governo israelense disse que o relatório está "baseado em testemunhos anônimos e vagos, sem investigar seus detalhes nem sua credibilidade".
O ministro da Defesa, Ehud Barak, repetiu que o Exército de Israel se guia "pelo mais alto padrão de ética" -argumento que usara anteriormente, diante de acusações similares.
A Anistia Internacional e a ONU acusaram Israel e o Hamas de crimes de guerra.

Com agências internacionais



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