São Paulo, sexta-feira, 16 de julho de 2010

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Religiões se unem contra casamento gay

Setores católicos, judeus, muçulmanos e evangélicos articulam campanha contra projeto de lei na Argentina

Após aprovação pelo Senado na madrugada de ontem, texto vai para a sanção da presidente Cristina Kirchner

Nestor Sieira/"Clarín"
Manifestantes aguardam o resultado da votação sobre o casamento entre gays, em Buenos Aires; diversas religiões se uniram contra o projeto de lei

GUSTAVO HENNEMANN
DE BUENOS AIRES

A aprovação do casamento gay pelo Senado argentino foi comemorada pelo governo da presidente, Cristina Kirchner, e gerou protestos de grupos religiosos do país.
O texto que propunha o casamento e a adoção de crianças por casais homossexuais recebeu 33 votos a favor e 27 contra após um debate que se estendeu por mais de 13 horas. Como já havia sido aprovada pela Câmara dos Deputados, a lei só depende agora da sanção presidencial para entrar em vigor.
A rejeição ao projeto produziu uma rara união entre setores da Igreja Católica, muçulmanos, judeus e evangélicos, que articularam uma campanha pela manutenção do casamento apenas entre um homem e uma mulher.
O presidente da Aliança Cristã de Igrejas Evangélicas, Rubén Proietti, disse que a lei representa alteração no "modelo natural da sociedade".
A entidade denunciará publicamente os senadores que haviam firmado posição contra o projeto e que, na hora, acabaram votando a favor.
Ontem, a Igreja Católica disse que todos perderam com a aprovação e que não houve transparência suficiente no debate. O porta-voz dos fiéis católicos, Justo Carbajales, acusou o governo de pressionar os senadores a votarem a favor do projeto e disse que houve pacto "pelas costas" da população.
A Argentina estabelece em sua Constituição o catolicismo como religião oficial do país. Cerca de 75% da população se diz católica.
A previsão era de empate até o início da sessão. A decisão coube aos senadores que estavam indecisos ou que mudaram de ideia na hora da votação, às 4h de ontem.
O maior atrito ocorreu quando o líder do governo no Senado, Miguel Pichetto, comparou ao nazismo a posição dos parlamentares contrários ao projeto. Defendendo a doutrina católica, a senadora opositora Liliana Negre de Alonso chorou e chamou Pichetto de gângster.
A presidente Cristina, que está na China, comemorou o resultado. O projeto havia sido defendido por ela tanto na Câmara quanto no Senado. O apoio do governo ao casamento gay foi interpretado por analistas como estratégia para conquistar blocos da esquerda progressista.
O movimento gay resistiu às temperaturas próximas de zero grau e manteve vigília diante do Congresso até o final da votação.


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