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Religiões se unem contra casamento gay
Setores católicos, judeus, muçulmanos e evangélicos articulam campanha contra projeto de lei na Argentina
Após aprovação pelo Senado na madrugada de ontem, texto vai para a sanção da presidente Cristina Kirchner
Nestor Sieira/"Clarín"
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Manifestantes aguardam o resultado da votação sobre o casamento entre gays, em Buenos Aires; diversas religiões se uniram contra o projeto de lei
GUSTAVO HENNEMANN
DE BUENOS AIRES
A aprovação do casamento gay pelo Senado argentino
foi comemorada pelo governo da presidente, Cristina
Kirchner, e gerou protestos
de grupos religiosos do país.
O texto que propunha o casamento e a adoção de crianças por casais homossexuais
recebeu 33 votos a favor e 27
contra após um debate que
se estendeu por mais de 13
horas. Como já havia sido
aprovada pela Câmara dos
Deputados, a lei só depende
agora da sanção presidencial
para entrar em vigor.
A rejeição ao projeto produziu uma rara união entre
setores da Igreja Católica,
muçulmanos, judeus e evangélicos, que articularam uma
campanha pela manutenção
do casamento apenas entre
um homem e uma mulher.
O presidente da Aliança
Cristã de Igrejas Evangélicas,
Rubén Proietti, disse que a lei
representa alteração no "modelo natural da sociedade".
A entidade denunciará publicamente os senadores que
haviam firmado posição contra o projeto e que, na hora,
acabaram votando a favor.
Ontem, a Igreja Católica
disse que todos perderam
com a aprovação e que não
houve transparência suficiente no debate. O porta-voz
dos fiéis católicos, Justo Carbajales, acusou o governo de
pressionar os senadores a votarem a favor do projeto e disse que houve pacto "pelas
costas" da população.
A Argentina estabelece em
sua Constituição o catolicismo como religião oficial do
país. Cerca de 75% da população se diz católica.
A previsão era de empate
até o início da sessão. A decisão coube aos senadores que
estavam indecisos ou que
mudaram de ideia na hora da
votação, às 4h de ontem.
O maior atrito ocorreu
quando o líder do governo no
Senado, Miguel Pichetto,
comparou ao nazismo a posição dos parlamentares contrários ao projeto. Defendendo a doutrina católica, a senadora opositora Liliana Negre de Alonso chorou e chamou Pichetto de gângster.
A presidente Cristina, que
está na China, comemorou o
resultado. O projeto havia sido defendido por ela tanto na
Câmara quanto no Senado. O
apoio do governo ao casamento gay foi interpretado
por analistas como estratégia
para conquistar blocos da esquerda progressista.
O movimento gay resistiu
às temperaturas próximas de
zero grau e manteve vigília
diante do Congresso até o final da votação.
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