São Paulo, sábado, 16 de julho de 2011

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Chávez contraria expectativa e vai a Cuba

Presidente venezuelano anuncia que retornará a Havana para tratar câncer; Brasil o esperava no Sírio-Libanês

Venezuelano não exclui vir ao Brasil mais tarde no tratamento; governo brasileiro não foi informado da decisão

David Fernández/Efe
Hugo Chávez (à dir.) cumprimenta o presidente eleito do Peru, Ollanta Humala, ontem

FLÁVIA MARREIRO
DE CARACAS

O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, pediu ontem permissão à Assembleia Nacional para deixar o país rumo a Havana, em Cuba, onde informou que deseja seguir o tratamento quimioterápico para câncer a partir de amanhã.
O anúncio contraria as expectativas de que ele viria ao Brasil imediatamente para tratamento no Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo.
Ele não descartou uma visita futura ao Brasil, no entanto.
Chávez leu um comunicado dirigido ao presidente do Parlamento, Fernando Soto Rojas, às portas do palácio presidencial, o Miraflores, com transmissão ao vivo pela TV, após se despedir do presidente eleito peruano, Olanta Humalla.
Pela Constituição venezuelana, a maioria dos deputados deve autorizar viagens do presidente ao exterior com duração maior que cinco dias. O chavismo tem maioria na Casa.
No texto, lido ao lado das filhas mais velhas, Chávez afirmou que em Havana cumprirá o estrito cronograma que foi traçado pelos "médicos da vida".
Chávez não informa que órgãos ou tecidos foram atingidos pelo câncer nem qual seu estágio. Negou, porém, que a doença tenha atingido o cólon ou o estômago.
Ontem o venezuelano não fez qualquer menção ao Brasil ou ao governo, que lhe ofereceu a possibilidade se tratar no hospital de São Paulo, a exemplo do que fizeram o seu colega paraguaio, Fernando Lugo, e a própria presidente Dilma Rousseff.
Ambos sofreram de câncer linfático no ano passado e em 2009 respectivamente.
Mais cedo, questionado sobre a possível viagem ao Brasil, o vice-presidente Elias Jaua respondeu: "Perguntem ao Itamaraty".
O governo brasileiro não havia sido comunicado oficialmente até a noite de ontem da decisão do venezuelano e continuava aguardando a presença de Chávez para se tratar no Sírio.
No Equador, onde está em visita oficial, o chanceler Antônio Patriota afirmou, antes do anúncio do presidente venezuelano, que a equipe que cuidaria dele, caso viesse ao Brasil, seria a mesma que tratou de Lugo
Chávez revelou ter câncer em 30 de junho em uma mensagem lida em rede nacional em Havana, onde deveria encerrar uma turnê de visitas iniciada no Brasil no começo do mês.
Naquele momento, ele anunciou ter feito duas cirurgias em Cuba -uma delas para a retirada de um tumor.
Menos de quatro dias depois, Chávez retornaria de surpresa a Caracas, às vésperas do aniversário de 200 anos do país.
Ontem, o venezuelano afirmou que a viagem inesperada foi "um esforço colossal".
"Digo 200 vezes que o esforço valeu a pena." Justificou-se citando o filósofo alemão, Friedrich Nietzsche: "Tudo que se faz por amor se faz acima do bem e do mal".


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