São Paulo, quinta, 16 de julho de 1998

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EQUADOR
Alvaro Noboa não se conforma com derrota para Mahuad nas eleições presidenciais
Candidato pede intervenção do Exército

LUÍS EBLAK
da Redação

O empresário Alvaro Noboa, candidato virtualmente derrotado nas eleições presidenciais do Equador pelo PRE (Partido Roldosista Equatoriano), pediu ontem a intervenção das Forças Armadas para realizar uma recontagem de votos em todo o país.
Com 99,43% dos votos apurados, o advogado Jamil Mahuad, da DP (Democracia Popular), vencia as eleições com 51,3% (2,23 milhões de eleitores). Noboa tinha 48,7% (2,12 milhões), segundo o TSE (Tribunal Supremo Eleitoral). O resultado final deve sair hoje.
Faltava apurar votos da Província de Guayas (sudoeste do país), reduto de Noboa.
"Resolvemos pedir a intervenção das Forças Armadas para abrir todas as urnas e fazer a recontagem dos votos. Está havendo fraude eleitoral", afirmou à Folha, por telefone, Guillermo Castro, diretor de comunicação de Noboa.
Ontem à noite, as Forças Armadas ainda não tinham respondido ao pedido do empresário.
O Equador viveu recentemente grave crise política. No ano passado, o então presidente, Abdalá Bucaram, aliado de Noboa, foi deposto por "insanidade mental". Além disso, o país busca há anos um acordo de paz -intermediado pelo Brasil- com o Peru sobre a questão fronteiriça.
Segundo Castro, o candidato do PRE venceu em todas as Províncias do país, menos na capital, Quito, reduto de Mahuad.
O presidente do TSE, Patricio Vivanco, disse, porém, que não houve fraude e, por isso, não haverá recontagem de votos. Para observadores internacionais, há normalidade na apuração.
Noboa acusa Vivanco de ser amigo íntimo de Mahuad. Por isso, estaria favorecendo o advogado. "Mesmo que se decrete a vitória de Mahuad, ele não terá respaldo popular, pois a fraude é notória", afirmou Castro.
Mahuad, por sua vez, mesmo sem os resultados finais, já se diz o substituto de Fabián Alarcón, presidente interino que deixa o cargo em 10 de agosto.
Para a historiadora equatoriana Natalia Catalina León Galarza, do Cepac (Centro de Estudos e Pesquisas para a América Latina e Caribe) -órgão da UnB-, essas eleições demonstraram uma divisão do país. De um lado, as Províncias da costa equatoriana votaram em Noboa. De outro, a região serrana do país preferiu Mahuad.
"Essa divisão já existia historicamente. Mas, somando isso à pouca diferença entre candidatos, pode-se dizer que haverá um problema de legitimidade para o vencedor", disse a historiadora.


Com agências internacionais



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