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São Paulo, sábado, 16 de agosto de 2003

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APAGÃO AMERICANO

Após dois dias de caos, energia é totalmente restabelecida em Nova York, mas ainda falta em outras regiões; causa é incerta

Megablecaute persiste 30 horas depois

Shannon Stapleton/Reuters
Sem poder usar elevadores para ir aos seus quartos, hóspedes se deitam do lado de fora do hotel Marriott na Times Square


ROBERTO DIAS
BEATRIZ PERES
LEONARDO CRUZ
DE NOVA YORK

Mais de 30 horas depois do maior blecaute da história dos EUA, várias áreas do nordeste do país e do Canadá seguiam sem eletricidade. As causas do colapso energético também não haviam sido determinadas. EUA e Canadá anunciaram a criação de uma força-tarefa conjunta para investigar o que causou o apagão.
A rede de energia voltou a operar num ritmo bem mais lento do que o previsto. Às 21h03 (horário local, 22h03, em Brasília), a Consolidated Edison Co., responsável pela distribuição de energia em Nova York, anunciou que o fornecimento fora restabelecido em toda a cidade.
Durante o dia, no entanto, Nova York enfrentou mais caos no transporte, nas comunicações, nos restaurantes e no comércio.
A promessa do prefeito Michael Bloomberg, feita às 22h de anteontem, de que a luz voltaria em horas e que a sexta seria normal não se concretizou.
O próprio Bloomberg pulou da cama logo cedo para dizer à população para ficar em casa. Autoridades pediam às pessoas para se comportarem como fariam num domingo ou feriado e que só funcionários de serviços essenciais deveriam trabalhar.
Metrô e trens não funcionaram. Os táxis também demoraram a aparecer nas ruas, já que muitos motoristas não tinham como abastecer seus carros. Em alguns postos em que havia energia, o preço da gasolina deu um salto. Sobraram os ônibus, que circularam sem cobrar tarifa. Mas estavam cheios, com menos linhas que o normal e atrasados.
Em diversos lugares da cidade, o sistema de telefonia, que havia resistido às primeiras horas do apagão, emudeceu. A Folha testou mais de 60 telefones públicos de Manhattan ontem -só dois funcionaram. Poucos restaurantes abriram suas portas, colocando mesas nas calçadas. A maioria das redes de fast food não funcionou. Por volta do meio-dia, cerca de cem pessoas formavam fila numa das poucas lanchonetes abertas: um McDonalds na Times Square. O comércio também parou.
Saques esporádicos surgiram em duas cidades do Canadá e em partes de Nova York quando as luzes se apagaram, mas representantes da polícia do Canadá e dos EUA pareciam aliviados ontem por a violência não se ter generalizado, como aconteceu no blecaute de 1977 em Nova York.
Em Ottawa, a capital canadense, a polícia registrou 23 casos de saque. Em Toronto, a polícia realizou 38 detenções e registrou 114 incidentes de saque. No Brooklyn, cerca de 20 pessoas foram detidas depois de tentarem invadir uma loja de equipamentos esportivos. A polícia de Nova York registrou alguns outros incidentes. No geral, porém, o impulso de cooperação em um momento de crise parece ter superado qualquer tentação de partir para a violência.
Aliviadas em relação à segurança, autoridades nova-iorquinas passaram o dia preocupadas com problema de saúde. Pediam às pessoas que jogassem fora a comida que estava estragando em suas geladeiras. Outra preocupação eram os idosos, por causa do intenso calor ontem na cidade (a temperatura bateu nos 32C). Uma pessoa morreu de ataque cardíaco relacionado ao calor, segundo Bloomberg. A prefeitura montou cinco centros de "refrigeração" na cidade.
Os três aeroportos que servem Nova York estavam funcionando ontem, mas os atrasos e os cancelamentos eram grandes.
Pela manhã, a Time Square estava metade acesa e metade apagada. Apenas um dos telões da praça mais iluminada dos EUA funcionava.


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