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entrevista
Segundo analista, estratégia é diluir impacto negativo
DE CARACAS
A estratégia de Hugo Chávez é apresentar a reforma
como um "pacote" para diluir o impacto de pontos rejeitados pela população e
promover uma campanha
em torno de sua popularidade, avalia Luis Vicente León,
diretor do Datanálisis, o
principal instituto de pesquisa de opinião da Venezuela.
Para ele, hoje o presidente
venceria o referendo consultivo. Leia, a seguir, a entrevista concedida ontem à Folha, horas antes do início da
apresentação de Chávez à
Assembléia.
(FM)
FOLHA - As pesquisas mostram
rejeição a pontos como a reeleição indefinida. Qual será a estratégia de Chávez para aprovar sua
reforma constituinte?
LUIS VICENTE LEÓN - Está claro
que estratégia do governo é
apresentar a reforma como
um pacote integral, e não em
várias partes, já que alguns
pontos são populares e outros não. O que vamos ver é
uma grande quantidade de
ofertas populares dentro da
reforma. A população está
majoritariamente contra a
proposta de reeleição, mas
não é, de nenhuma maneira,
que esteja contra o presidente Chávez.
Por isso, ele vai levar o debate em torno do chavismo, e
não da reforma constitucional: a campanha vai girar em
torno de se a população
apóia Chávez ou não, se respalda a revolução ou não.
FOLHA - Quais são os principais
pontos populares e impopulares
da proposta?
LEÓN - A parte impopular é a
reeleição indefinida e qualquer coisa que possa afetar a
propriedade privada. As populares: dar um status constitucional às missões, a criação do Poder Popular no
mesmo nível do Executivo e
do Legislativo. As pessoas se
encantam com o tema da integração, ainda que na prática não signifique nada.
Mas o mais importante são
as missões. Recordemos que
são o principal protetor dos
mais pobres. Ao oferecer que
essa proteção se converta em
direito adquirido pela Constituição, [o governo] faz as
pessoas sentirem que vale a
pena diante de qualquer concessão paralela mais abstrata
no plano político.
FOLHA - Chávez venceria se o referendo fosse hoje?
LEÓN - As nossas últimas
pesquisas mostram que,
quando você pergunta sobre
pontos específicos, como a
reeleição indefinida ou mudanças na propriedade privada, eles são majoritariamente rejeitados. Mas, quando perguntamos sobre a reforma toda proposta pelo
presidente, ela é majoritariamente aprovada. E, como essa votação será geral, hoje a
reforma seria aprovada.
FOLHA - E a oposição?
LEÓN - Se a oposição entrar
nesse jogo de centrar os ataques em Chávez, provavelmente vai errar, porque é
justamente o que o presidente quer. A oposição pode
também se dividir entre os
que pedirão aos eleitores que
votem e os que propõem a
abstenção, acreditando que
vale a pena desacreditar o
processo eleitoral. E, nessa
perspectiva de divisão, os resultados são previsíveis.
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