São Paulo, quinta-feira, 16 de agosto de 2007

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Mortos em ataque a seita curda sobem a 250

Feridos de atentado de anteontem no norte do Iraque passam de 300; atentado é o mais sangrento desde invasão de 2003

EUA acusam a Al Qaeda de ser responsável pelos quatro carros-bomba detonados em vilas perto de Mossul e preveêm novos ataques

Mohammed Ibrahim/Associated Press
Iraquiano em uma das aldeias do norte do Iraque atingidas pelos carros-bomba de anteontem

DA REDAÇÃO

Já são ao menos 250 as pessoas da seita religiosa Yazidi mortas como resultado de uma série de ataques com carros-bomba anteontem em duas vilas no norte do Iraque, região semi-autônoma curda. De acordo com a agência de notícias Associated Press, os mortos podem chegar a 500. Os feridos passam de 300.
O saldo faz dos atentados nas aldeias de Al Jazeera e Qahataniya -próximas à fronteira com a Síria e a 120 km a oeste da cidade de Mossul- os mais sangrentos desde a invasão liderada pelos Estados Unidos em abril de 2003.
Ontem, homens das equipes de buscas usavam pás e as próprias mãos para vasculhar os escombros deixados pelas explosões de quatro carros-bomba, que destruíram 30 edificações nas vilas, a maioria feita de tijolos de barro. O trabalho deve acabar amanhã, e por isso o total de vítimas pode crescer.
Ninguém assumiu os ataques contra os yazadis -seita pré-islâmica que combina elementos do islamismo, judaísmo, zoroastrismo e cristianismo-, mas as suspeitas recaem sobre grupos da insurgência sunita.
Há uma semana, o grupo Estado Islâmico do Iraque, que se diz um braço da Al Qaeda, distribuiu panfletos ameaçando atacar a região, porque os yazadis seriam "antiislâmicos".
Outro episódio também atraiu a fúria de grupos muçulmanos contra os seguidores da seita, estimados em 350 mil, a maioria moradores do norte do Iraque. No começo deste ano, os yazadis mataram, a pedradas, uma moça da religião que havia se convertido ao islamismo para se casar com um muçulmano. Um vídeo do apedrejamento foi parar na internet. Como vingança, 23 yazadis foram mortos a tiros.

Al Qaeda
Os EUA acusaram diretamente a Al Qaeda pelos atentados. "Sempre dissemos que a Al Qaeda tentaria fazer ataques espetaculares neste mês", disse à Associated Press o comandante das tropas dos EUA no Iraque, general David Petraeus. "Haverá mais destes."
Para as forças americanas, os ataques crescerão porque os insurgentes tentarão desmoralizar a atual estratégia militar dos EUA no país -que consiste no aumento do número de tropas, hoje em cerca de 155 mil, para garantir a segurança de áreas-chave, principalmente Bagdá. Petraeus defenderá a estratégia em apresentação no Congresso americano, de maioria democrata, em setembro.
Os ataques também evidenciam a dificuldade do governo de Bagdá para controlar as intrincadas disputas entre grupos pela supremacia em várias regiões. Além da tensão entre os yazadis e muçulmanos, há a batalha entre sunitas e xiitas, e ainda entre estes e os curdos.
Um ingrediente de tensão na região dos ataques é que os curdos, que pressionam para que os yazadis sejam reconhecidos como parte de sua etnia, planejam realizar até o final do ano um referendo para decidir se as cidades de Kirkuk e Mossul são de maioria curda e devem ser integradas à região semi-autônoma que controlam.


Com agências internacionais e "The Independent"


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