São Paulo, sábado, 16 de agosto de 2008

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General russo diz que base antimísseis dos EUA expõe Polônia a ataque nuclear

DA REDAÇÃO

A Rússia reagiu ontem em várias frentes ao pré-acordo assinado pela Polônia para receber parte do escudo antimísseis que os EUA pretendem instalar no Leste Europeu. O presidente, Dmitri Medvedev, disse que a medida "tem claramente a Rússia como alvo". O número dois do Exército, Anatoli Nogovitsin, foi mais enfático e afirmou que a Polônia torna-se potencial alvo de ataque nuclear.
Pelo documento, assinado anteontem, Varsóvia compromete-se a receber, até 2012, dez interceptadores de mísseis, em troca do reforço na cooperação militar e de defesa com Washington. O governo americano diz que o escudo, que contará ainda com um radar na República Tcheca, será uma defesa contra países como o Irã.
Em entrevista coletiva ao lado da chanceler alemã, Angela Merkel, na cidade de Sochi, no litoral do mar Negro, Medvedev disse que o escudo "mira a Rússia". Para ele, o momento do anúncio foi escolhido deliberadamente e "comprovando tudo o que viemos dizendo recentemente" sobre o projeto.
Em uma declaração alguns graus mais forte, Nogovitsin disse que a decisão de Varsóvia expõe a Polônia a um ataque, de acordo com a agência russa Interfax. O general, segundo na hierarquia militar, ressaltou que a doutrina russa prevê o uso de artefatos nucleares "contra aliados de países que possuem armas nucleares se de alguma forma os ajudarem".
Dmitri Rogozin, enviado de Moscou para a Otan, a aliança militar ocidental da qual a Polônia faz parte, disse que o escudo antimísseis "não é contra o Irã, mas contra o potencial estratégico da Rússia". O chanceler russo, Sergei Lavrov, cancelou uma visita diplomática que faria à Polônia em setembro, segundo diplomatas poloneses.
Em Tbilisi, ao lado do georgiano Mikhail Saakashvili, a secretária de Estado dos EUA, Condoleezza Rice, rebateu as acusações dizendo que Washington buscou trabalhar com Moscou para dirimir as suspeitas russas. À BBC, o chanceler polonês, Radoslaw Sikorski, disse que a decisão nada tem a ver com o conflito na Geórgia.


Com agências internacionais


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