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Caso Hariri é principal foco atual de tensão
DO ENVIADO A BEIRUTE
Maior que o recente confronto na fronteira com Israel, o principal foco atual de
tensão no Líbano é a investigação sobre o assassinato do
ex-premiê Rafik Hariri, em
2005.
Os rumores de que o tribunal especial da ONU indiciará membros do Hizbollah levou o líder do grupo xiita,
Hassan Nasrallah, a abrir ruidosa campanha para acusar
Israel pelo assassinato.
O esforço tem boas chances de ser bem-sucedido graças à disposição dos adversários em varrer fatos incômodos para debaixo do tapete a
fim de manter o status quo e
evitar uma onda de violência
interna.
O pano de fundo das tensões é o histórico sangrento
de rivalidades sectárias no
Líbano e o temor de que o indiciamento de xiitas pela
morte de um líder sunita possa despertar os antigos fantasmas da guerra civil no país
(1975-1990).
Mas o silêncio do governo,
sobretudo do premiê Saad
Hariri, filho do líder assassinado, indica a preocupação
de não abalar a frágil estabilidade atual, obtida a duras
penas e com base numa coalizão que inclui o Hizbollah.
O comedimento de Hariri
contrasta com o tom estridente que ele usou contra a
Síria e o Hizbollah em 2005,
quando as suspeitas pelo assassinato do pai apontavam
para Damasco.
MINISTRO
Ao tornar-se premiê, no
ano passado, Hariri curvou-se ao poder do Hizbollah,
maior força política e militar
no país. Além de formar um
governo com o partido xiita,
reaproximou-se da Síria.
Agora Nasrallah diz que Israel está por trás do atentado
contra Hariri, e mesmo que
as evidências que apresenta
sejam tardias e precárias, a
acusação é bem recebida.
"Seria a melhor solução
para todos", admitiu à Folha
o ministro da Informação,Tarek Mitri, rompendo o silêncio do governo sobre a investigação. "De qualquer forma,
Israel está envolvido em tantos crimes, que esse seria
apenas mais um."
Membro independente de
um gabinete ministerial marcado pelo partidarismo, o
cristão ortodoxo Mitri afirma
que a investigação da ONU
será respeitada, mas não incondicionalmente.
"Não vamos aceitar cegamente as conclusões. Se elas
não forem convincentes e
embasadas, não há razão para acreditarmos", diz.
(MN)
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