São Paulo, terça-feira, 16 de agosto de 2011

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DE NOVO, A CRISE

Gigantismo de ação para salvar Espanha e Itália surpreende

Banco Central Europeu diz ter gasto € 22 bi no resgate dos papéis na semana passada, recorde nesse tipo de operação

Ação sinaliza preocupação maior do que a imaginada com a situação dos dois países e leva inquietação a investidores do mercado

DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

O BCE (Banco Central Europeu) anunciou ontem ter gasto € 22 bilhões (cerca de R$ 50,5 bilhões) na semana passada para ajudar Itália e Espanha, valor recorde em operações do tipo.
A maior parte do dinheiro foi usada em títulos desvalorizados desses dois países, apesar de papéis de Portugal e Irlanda também terem sido incluídos no pacote.
O montante é maior que o anteriormente especulado e reflete a crescente preocupação com a crise da dívida. Até quando o BCE continuará a promover este tipo de "resgate maquiado" é o que o mercado se pergunta agora.
No início de agosto, cresceu a preocupação sobre a capacidade de Itália e Espanha pagarem suas dívidas, depois que os juros dos títulos dos dois países subiram a níveis estratosféricos para padrões europeus (acima de 6%).
Na semana seguinte, o BCE rapidamente interveio. Comprou títulos no mercado secundário, o que ajudou a baixar os juros. O montante da operação, porém, só foi revelado ontem. E assustou.
O número anunciado ontem supera os € 16,5 bilhões que o BCE gastou na primeira semana de intervenções para comprar títulos da dívida grega, em maio de 2010. A dívida pública italiana chega a € 1,65 trilhão, e a espanhola, a € 654 bilhões.
O apoio a papéis italianos e espanhóis é a primeira compra do BCE em 19 semanas. O banco central entrou no mercado fazendo compras no dia 8, depois que políticos da zona do euro não conseguiram convencer os investidores de que a crise estava sob controle e não havia risco de contágio.
Analistas dizem que a medida só irá artificialmente dar mais tempo para que os investidores possam adquirir papéis europeus a juros menores. Mas não seria uma solução duradoura.
Frente ao cenário, aumenta também o debate no mercado sobre "eurobonds". Os governos da zona do euro avaliam a possibilidade de lançar papéis da dívida comuns aos 16 países do grupo.

BOLSAS
A proposta dos "eurobonds" tranquilizaria os mercados sobre a capacidade de pagamento dos países e fortaleceria o euro. A ideia, porém, segue polêmica. Ontem, um porta-voz do governo alemão disse que a chanceler Angela Merkel e o presidente francês Nicolas Sarkozy não discutirão uma "dívida comum europeia", em reunião em Paris hoje, porque "Berlim não acha a proposta uma boa ideia".
Os mercados tiveram um dia mais tranquilo. As Bolsas europeias e asiáticas fecharam em leve alta, assim como o índice Dow Jones, nos EUA. A Bovespa ganhou 2,2%.


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