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SUCESSÃO PARAGUAIA
Novo presidente pode tirar da prisão ainda hoje general da reserva que tentou golpe militar
Cubas toma posse à sombra de Oviedo
ELIANE CANTANHÊDE
enviada especial a Assunção
O novo presidente do Paraguai,
Raúl Cubas Grau, assumiu o cargo
ontem propondo uma agenda de
Estado que priorize "a eliminação
do narcotráfico, da pirataria e da
apropriação intelectual indevida''.
Adversário de seu antecessor,
Juan Carlos Wasmosy, apesar de
serem do mesmo partido, Cubas
recebeu o cargo sem se encontrar
com o agora ex-presidente. Wasmosy entregou a faixa presidencial
para o presidente do Congresso,
que a entregou para Cubas.
Wasmosy convocou um tribunal
militar extraordinário para condenar o general da reserva Lino
Oviedo -o primeiro candidato
do Partido Colorado. Ele é acusado de ter feito isso apenas para impedir a vitória eleitoral do adversário.
Ontem, do lado de fora do Banco
Central, local da solenidade de
posse, um pequeno grupo de manifestantes pedia a liberdade de
Oviedo e queimava o boneco de
Wasmosy.
Dentro do prédio, Wasmosy fazia um discurso emocionado, justificando que perdeu boa parte dos
seus cinco anos de mandato convivendo com sucessivas crises políticas. A mais grave foi a tentativa
de golpe de Estado liderada por
Oviedo, o mais prestigiado chefe
militar paraguaio.
"A minha família pode enfrentar a dor e a ingratidão. A vergonha, jamais'', disse o ex-presidente, que não se encontrou em momento algum com o sucessor.
Com a posse de Cubas Grau estão abertas as portas da prisão onde o general Oviedo está preso
desde novembro. Ele pode sair da
prisão ainda hoje, ficando em prisão domiciliar.
A oposição diz que Cubas será
dependente de Oviedo, pois foi
eleito graças ao apoio do general
da reserva à sua candidatura.
Os ministros e chefes militares
nomeados por Cubas são leais a
Oviedo.
O novo presidente prometeu recuperar a credibilidade internacional do país e a credibilidade da
população nos seus governantes,
reformar o Estado e o sistema financeiro, priorizar a agricultura e
as ações sociais e garantir justiça
para todos.
A posse de Cubas foi presenciada
por cinco presidentes latino-americanos, inclusive Fernando Henrique Cardoso, do Brasil, que defendeu maiores investimentos no
Paraguai.
Peru-Equador
Depois da posse, os presidentes
do Peru, Alberto Fujimori, e do
Equador, Jamil Mahuad, se encontraram num hotel de Assunção
para discutir o acordo final para o
litígio fronteiriço entre os dois
países.
Após o encontro, Mahuad foi à
Embaixada do Brasil em Assunção
conversar com Fernando Henrique Cardoso.
O presidente equatoriano afirmou que ele e Fujimori se comprometeram a retirar as tropas dos
dois países da área em disputa
num prazo de até dez dias.
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