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GUERRA À VISTA
Assessora de segurança nacional diz que seguidores de Bin Laden foram vistos no Iraque; Bagdá nega ligação
EUA acusam Saddam de apoiar a Al Qaeda
DA REDAÇÃO
Os EUA aumentaram ontem o
tom de suas ameaças contra o Iraque, afirmando que o regime do
ditador Saddam Hussein possui
vínculos com a rede terrorista Al
Qaeda, de Osama bin Laden.
"O Iraque mantém claramente
vínculos com o terrorismo, inclusive com a Al Qaeda", disse, em
entrevista a uma de TV americana, Condoleezza Rice, assessora
para assuntos de segurança nacional da Casa Branca. "Membros
da Al Qaeda foram vistos em Bagdá", acrescentou.
O semanário britânico "Sunday
Telegraph" afirmou que o dossiê
contra o Iraque que o premiê
Tony Blair -mais próximo aliado dos EUA na Europa- prometeu divulgar revelará que Saddam
treinou alguns dos principais integrantes da rede de Bin Laden.
De acordo com o jornal, o documento mostrará que dois supostos líderes da Al Qaeda, Abu Zubair e Rafid Fatah, atuaram em
operações contra os curdos no
norte do Iraque e continuam até
hoje ligados a Bagdá.
Embora Washington tenha se
esforçado para encontrar uma conexão entre os atentados de 11 de
setembro e o governo iraquiano,
até agora não apresentou provas
capazes de convencer a comunidade internacional. Bagdá nega o
seu envolvimento com a Al Qaeda
e com os ataques.
O presidente George W. Bush e
os "falcões" de sua administração
-como Rice e o vice-presidente
Dick Cheney- tentam inserir os
seus planos de invadir o Iraque
para derrubar Saddam dentro do
espectro da "guerra contra o terrorismo", lançada após os ataques
do ano passado.
Porém, diante da falta de evidências ligando Saddam aos atentados, os EUA utilizam os programas iraquianos de armas de destruição em massa como principal
justificativa para uma ofensiva.
Após a derrota do Iraque na
Guerra do Golfo (1991), o Conselho de Segurança da ONU adotou
resoluções determinando a eliminação das armas químicas, biológicas e nucleares de Saddam, monitorada por inspetores internacionais. Desde 1998, Bagdá se nega a autorizar o reinício das inspeções de seus arsenais.
É com base nisso que os EUA
pressionam o Conselho de Segurança a aprovar resolução que autorizaria o uso da força contra
Saddam caso não aceite o retorno
incondicional dos inspetores.
No sábado, o vice-premiê iraquiano, Tariq Aziz, declarou que
seu país só permitirá a volta dos
inspetores se não houver ação militar dos EUA e se as sanções econômicas impostas após o Iraque
ter invadido o Kuait, em 1990, forem suspensas.
"Tarde demais"
O secretário de Estado dos EUA,
Colin Powell, disse à rede CNN
que é "tarde demais" para o Iraque negociar solução para a crise.
"Se eles não possuem armas, o
que estão escondendo?", indagou.
O chefe da diplomacia dos EUA
afirmou que, se os inspetores voltarem ao Iraque, devem poder "ir
a todo lugar, a qualquer hora e falar com quem for necessário falar
para descobrir a verdade".
Desde a semana passada, quando Bush fez um discurso exortando a ONU a adotar duras medidas
contra o Iraque -ou Washington agiria por conta própria contra Bagdá-, os EUA pressionam
o Conselho a dar um prazo-limite
a Saddam para que obedeça as resoluções do órgão.
O texto da nova resolução deve
ser discutido durante esta semana. Segundo Powell, o Iraque teria
"semanas" para mostrar disposição em obedecê-la. "Então, um
novo relógio começa a correr sobre o que acontece depois", disse.
Os americanos tentarão convencer os integrantes do Conselho -sobretudo os outros quatro
membros permanentes com direito a veto (Reino Unido, França,
Rússia e China)- a incluir na resolução um parágrafo autorizando uma ofensiva militar se Saddam não cumprir os termos definidos pela ONU.
Altos funcionários do governo
dos EUA acreditam que o país tenha obtido avanços desde a semana passada na conquista de apoio
internacional contra o Iraque.
Ao apresentar à ONU o seu caso
contra Bagdá, Washington tenta
aplacar acusações de que adota
posição unilateralista e, assim,
busca diminuir a oposição de aliados europeus e do mundo árabe
reticentes à idéia de uma nova
guerra no Oriente Médio.
Bombardeios
Aviões militares dos EUA e do
Reino Unido bombardearam ontem o que disseram ser instalações de defesa antiaérea iraquianas na zona de exclusão aérea no
sul do país. Bagdá afirmou que alvos civis foram atingidos. Não há
relato de mortos ou feridos na
ação.
Com agências internacionais
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